UM PIAUIENSE -
Aluísio Sampaio, faz alguns meses, entregou-me um livrinho para leitura:
Título: "Tudo pela grandeza do Piauí".
Autor: Francelino S. Piauí, piauiense radicado em Campinas, Estado de São
Paulo. O livrinho compõe-se de cinco artigos de jornal: "em defesa da
Terra de Mafrense", como salienta o autor, cuja atitude corajosa deve ser
por todos enaltecida. Linguagem forte, como convém à linguagem dos protestos
veementes contra os que procurem levar esta terra ao ridículo, sem conhecimento
da sua realidade. Li, com entusiasmo, as considerações de Francelino. Na
introdução há estas observações: "Manhã
de 26 de janeiro de 1951, em Oeiras, antiga capital do Piauí. Deixávamos aquêle
Estado rumo a São Paulo. Terminando as despedidas de parentes e amigos na
VELHACAP piauiense, penetrávamos, meu irmão Alberto e eu, na sala de visitas do
Palácio Episcopal (Palácio Nepomuceno), iamos, ali, encerrar as despedidas,
recebendo as bênçãos de S. Exa. Revma. D. Francisco Expedito Lopes, então Bispo
de Oeiras. Recebendo-nos cortesmente, com aquela solicitude que lhe era
peculiar, disse-nos textualmente o saudoso antistite: "Sejam felizes, meus
filhos, e onde quer que se encontrem ou se coloquem lá pelo Sul, procurem
sempre honrar o nome do Piauí". Seis anos depois D. Expedito era
assassinado em Garanhuns pelo padre Hosana, vigário de Quipapá. O bispo se foi
com Deus, mas a recomendação ficou conosco".
Mais adiante escreve
Francelino: "Se o que os
debochadores e maus brasileiros têm dito do Piauí nestes últimos dois anos não
estivesse documentado através dos jornais, das revistas, do video-tape, era
difícil acreditar-se que no Brasil pudesse haver tanta gente ordinária. Mas,
infelizmente, os fatos aí estão, numa gritante evidência. Em abril de 1967,
dois repórteres da revista "Realidade", Carlos Azevedo e Luigi
Mamprim, foram ao Piauí, e ali foram recebidos e bem tratados, mas de volta a
São Paulo retribuíram a hospitaleira acolhida que tiveram com uma difamante
reportagem sôbre aquêle Estado. No rastilho dessa ingratidão propagou-se o
escárnio como fogo no capinzal, espalhando uma onda de deboche sôbre o Piauí e
seus filhos. Depois desse gesto indigno da revista "Realidade", a
irreverência sôbre o Piauí agigantou-se como reação em cadeia. A maldade de Carlos
Azevedo e Luigi Mamprim encontrou eco em Nelson Rodrigues, Juca Chaves, Claudio
Kuck, José Araújo e outros tantos maldicentes, numa cruzada difamatória
contra a Terra de Mafrense. E foi para
responder a êsses agentes do deboche e da difamação que escrevemos e publicamos,
em tempo hábil, os cinco artigos agora reunidos em folheto. Coincidência feliz
foi o fato de usarmos habitualmente o plural majestático. Se já fazíamos por
questão de ética e de estilo, agora o fazemos por questão sentimento coletivo.
Sabemos que não estamos sós quando nos levantamos em defesa da honra e da
dignidade do Piauí. Ao nosso lado estão os bons piauienses, nesta legítima
defesa da verdade, da honra e da moral que tanto nos cabe preservar. Para alçar
nosso Estado ao lugar que merece, dentro da comunidade nacional, ignoramos o
que seria a palavra omissão. E nesta santa obstinação tudo faremos pela
grandeza do Piauí".
In: TITO FILHO, A.
Caderno de anotações. Jornal do Piauí,
Teresina, p. 2, 21 out. 1970.
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