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terça-feira, 1 de julho de 2014

CADERNO DE ANOTAÇÕES (125)

UM PIAUIENSE - Aluísio Sampaio, faz alguns meses, entregou-me um livrinho para leitura: Título: "Tudo pela grandeza do Piauí". Autor: Francelino S. Piauí, piauiense radicado em Campinas, Estado de São Paulo. O livrinho compõe-se de cinco artigos de jornal: "em defesa da Terra de Mafrense", como salienta o autor, cuja atitude corajosa deve ser por todos enaltecida. Linguagem forte, como convém à linguagem dos protestos veementes contra os que procurem levar esta terra ao ridículo, sem conhecimento da sua realidade. Li, com entusiasmo, as considerações de Francelino. Na introdução há estas observações: "Manhã de 26 de janeiro de 1951, em Oeiras, antiga capital do Piauí. Deixávamos aquêle Estado rumo a São Paulo. Terminando as despedidas de parentes e amigos na VELHACAP piauiense, penetrávamos, meu irmão Alberto e eu, na sala de visitas do Palácio Episcopal (Palácio Nepomuceno), iamos, ali, encerrar as despedidas, recebendo as bênçãos de S. Exa. Revma. D. Francisco Expedito Lopes, então Bispo de Oeiras. Recebendo-nos cortesmente, com aquela solicitude que lhe era peculiar, disse-nos textualmente o saudoso antistite: "Sejam felizes, meus filhos, e onde quer que se encontrem ou se coloquem lá pelo Sul, procurem sempre honrar o nome do Piauí". Seis anos depois D. Expedito era assassinado em Garanhuns pelo padre Hosana, vigário de Quipapá. O bispo se foi com Deus, mas a recomendação ficou conosco".

Mais adiante escreve Francelino: "Se o que os debochadores e maus brasileiros têm dito do Piauí nestes últimos dois anos não estivesse documentado através dos jornais, das revistas, do video-tape, era difícil acreditar-se que no Brasil pudesse haver tanta gente ordinária. Mas, infelizmente, os fatos aí estão, numa gritante evidência. Em abril de 1967, dois repórteres da revista "Realidade", Carlos Azevedo e Luigi Mamprim, foram ao Piauí, e ali foram recebidos e bem tratados, mas de volta a São Paulo retribuíram a hospitaleira acolhida que tiveram com uma difamante reportagem sôbre aquêle Estado. No rastilho dessa ingratidão propagou-se o escárnio como fogo no capinzal, espalhando uma onda de deboche sôbre o Piauí e seus filhos. Depois desse gesto indigno da revista "Realidade", a irreverência sôbre o Piauí agigantou-se como reação em cadeia. A maldade de Carlos Azevedo e Luigi Mamprim encontrou eco em Nelson Rodrigues, Juca Chaves, Claudio Kuck, José Araújo e outros tantos maldicentes, numa cruzada difamatória contra  a Terra de Mafrense. E foi para responder a êsses agentes do deboche e da difamação que escrevemos e publicamos, em tempo hábil, os cinco artigos agora reunidos em folheto. Coincidência feliz foi o fato de usarmos habitualmente o plural majestático. Se já fazíamos por questão de ética e de estilo, agora o fazemos por questão sentimento coletivo. Sabemos que não estamos sós quando nos levantamos em defesa da honra e da dignidade do Piauí. Ao nosso lado estão os bons piauienses, nesta legítima defesa da verdade, da honra e da moral que tanto nos cabe preservar. Para alçar nosso Estado ao lugar que merece, dentro da comunidade nacional, ignoramos o que seria a palavra omissão. E nesta santa obstinação tudo faremos pela grandeza do Piauí".



In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 2, 21 out. 1970.      

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