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sábado, 5 de julho de 2014

CADERNO DE ANOTAÇÕES (130)



POLÍTICA - De Brasília, manda-me Drumond Júnior mais êste oportuno comentário político:

"A partir do govêrno Petrônio Portela, in [apagado no original] lideranças do ex-pessedismo recolheram-se a uma inexplicável omissão, deixando livre ao ex-udenismo o caminho da predominância política.

"Êsse retraimento haveria de resultar - como de fato resultou - na hispertrofia do poder político daquele governante, que inteligentemente atraiu para a sua esfera as correntes desarveradas do ex-PSD.

"Registre-se, como suporte da observação, que a dominância do então governador se deveu mais à capacidade de aglutinação, em que a influencia do seu govêrno se fêz sentir pela constante presença no interior e pelo permanente diálogo com as bases remanescentes do extinto PSD.

"À margem disto, o que se verificou foi o desvinculamento de expressivos líderes do ex-pessedismo com os seus comandados. Entre êsses líderes contam-se o senador Sigefredo Pacheco, o general Gayoso e o sr. Clímaco de Almeida, todos os três no desempenho de importantes mandatos na ocasião. Todavia, apesar disto, nenhum dêles, forçoso é reconhecer teve a visão política para uma jogada pelo menos a longo prazo.

"Se era êste o panorama político no governo do sr. Petrônio Portela, no atual a possibilidade de qualquer daquelas três lideranças influir na política do Estado continua inexpressiva. Sòmente o sr. Clímaco de Almeida, entre êles tem conseguido manter-se no centro do cenário político. Sua atuação, entretanto, vem sendo seguida de perto pelo sr. Helvídio Nunes, que tem permanecido sempre alerta e atento às incursões políticas do seu vice-governador.

"Assim, já agora não admira que a sucessão estadual possa acontecer sem que se registre uma influência mais sensível de Sigefredo, Gayoso e Joqueira, os quais dificilmente conseguiriam minimizar o poder de decisão de Petrônio e Helvídio.

"Eis aí uma realidade de contestação difícil".

AS NOTAS - 1) Adelmar Rocha mandou grande parte de seus livros para a Biblioteca Pública do Piauí. E agora me telegrafa nestes têrmos: "Telegrafei a tempos Simplício Mendes avisando remessa de livros pelo Correio Aéreo. Referido material deve encontrar-se Pôsto Correio Aéreo Nacional Fortaleza desde janeiro recebido ali cabo Haroldo Albuquerque. Peço comunicar-se Fortaleza e dar confirmação". Observação. Já adotei providências para que os livros cheguem a Teresina. 2) De meu filho Ronald José, matriculado em excelente educandário carioca (primeiro ano clássico): "Minhas matérias aqui são Português, Latim, Francês, Inglês, Geografia Astronômica e Física, História e Filosofia e talvez, ainda não é certeza, Educação Cívica". 3) Da inteligência de Conceição Martins, de Florianópolis, com data de 8.2.70: "Estimado professor. Muito grata pela distinção de mandar-me as fotografias de Teresina, que lhe pedi. Entreguei-as ao Departamento de Turismo. O dia hoje está nublado e triste, aumentando a saudade imensa de meus familiares e amigos de nossa VERDECAP. Na semana passada estive na Estação Hidromineral de Caldas da Imperatriz. Contam que têm esse nome em virtude de ter a imperatriz passado uns dias por lá, quando viajava do Rio de Janeiro para o Rio Grande do Sul. Os banheiros ainda são com mármore do século XV. Há também piscinas naturais de água fria. Visitei o Museu do Índio e a Casa de Vitor Meireles, onde nasceu e viveu muitos anos o grande pintor, e tive a oportunidade de ver quadros maravilhosos, verdadeiras obras de arte. Fui, em 1970, a primeira nortista, como me chamam aqui, a assinar o livro de visitantes daquela Casa".


In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, p. 2, 23 março 1970.

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