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segunda-feira, 7 de julho de 2014

CADERNO DE ANOTAÇÕES (133)



A CONCEPÇÃO - De Fernand Gigon: "Os americanos, no Vietname, se atribuem o papel de missionários, em cruzada contra os comunistas e esperam detê-los onde puderem. A propaganda oficial americana cheira um pouco a catecismo. Êles se ofendem, com uma violência que me surpreende sempre, quando se põe em dúvida a pureza de suas intenções. Entre Êles frequentemente, a ingenuidade e a incompetência marcham juntas". ("USA x Vietcongue - as duas faces do conflito" - 1965 - página 97).

AS NOTAS - 1) Com data de 12.1.70, recebo esta correspondência: "Caro professor. Peço a fineza de esclarecer o seguinte: 1) Quais os motivos que impedem a não efetuação do pagamento do salário dos professôres do ginásio de Miguel Alves, relativamente ao ano de 1969? 2) O pagamento será efetuado antes de março de 1970? 3) Será que a TV-Rádio Clube será inaugurada em janeiro de 1970? a) Coelho Júnior".
Respostas - 1) O ginásio de Miguel Alves é gratuito e mantido pela Fundação Educacional Pio XII (particular). Desde março de 1969 não paga a remuneração de seus professores porque não tem dinheiro. Está aguardando a verba federal de vinte e três mil e quatrocentos cruzeiros novos. As subvenções federais para a construção do prédio próprio dêsse ginásio, devidas desde 1966, não foram pagas. Será interessante que o govêrno do Estado examinasse o assunto. 2) O pagamento só será efetuado com a verba referida, quando esta chegar. Ninguém sabe se chegará até março de 1970. 3) A TV-Rádio Clube não será inaugurada em janeiro de 1970.

Mais notas - 2) animadas as festas comemorativas dos seus dezoito anos de fundação realizou a escola "Escravos do Samba". Grato ao convite. 3) De Marcelino Guedes Monteiro, rua Goiás, 566, lado sul: "Por que não citam o nome das caravelas que conduziram Pedro Álvares Cabral ao Brasil? Qual o nome delas? Só escrevem os nomes das caravelas da viagem de Cristovão Colombo à América". Resposta - De feito, os melhores historiadores não registram os nomes das naus comandadas por Cabral. Ignora-os Pedro Calmon, Rocha Pombo e até o escrivão da armada Pero Vaz de Caminha. De mim, não encontrei História do Brasil que registre os nomes dos navios do descobridor desta terra de Santa Cruz. 4) Karam Cúri ofereceu-me "No caminho do progresso", reportagem muito bem feita, em publicação de notável aspecto gráfico, a respeito do govêrno Helvídio Nunes. Grato. 5) As autoridades do Trânsito devem punir severamente abusos que alguns motoristas praticam num chamado Pôsto Roial, da praça João Luís Ferreira. Ali se faz tudo: conserta-se e lava-se carro. Demais, os veículos semelham latas velhas (alguns), sem segurança, sem conforto. E o pior: certos motoristas tratam o público como se este fôsse cafajeste. Pôsto de automóveis é pôsto de serviço público, de educação, de devotamento à coletividade. Outro dia, uma senhora debaixo de chuva torrencial, foi ali maltratada. Assisti ao episódio de brutalidade. 6) Humberto Machado Coelho ilustra o Conselho de Contribuintes do Piauí, na qualidade de conselheiro, e reuniu agora em livro os votos ali proferidos e os acórdãos de quem foi relator em 1969. Revelação de cultura jurídica. Grato ao exemplar que me ofereceu. 7) Por telefone, um ouvinte da Rádio Clube perguntou-me se o marechal Castelo Branco nasceu no Piauí. Li em Cristino Castelo Branco que o ex-presidente da República é cearense. Ainda Cristino Castelo Branco esclarece: há quem diga que nasceu no Piauí e foi com três meses para o Ceará, onde o registraram para satisfação da mãe cearense. 8 ) Félix Aires, que aqui se encontra reunindo dados para a sua extraordinária "Antologia de Sonetos Piauienses", visitou o governador Clímaco de Almeida, em Carnaque. Instantes de agradável palestração. O inspirado poeta tem recebido homenagens de intelectuais da terra: ofereceu-lhe almôço José Miguel de Matos. Visitaram-no Waldir Gonçalves, Oliveira Neto, Fabricio Areia Leão. 9) De Carlos Macêdo, flamenguista de muitos costados, com data de 10.1.70: "Mestre Tito Filho. Peço-lhe comentar, no seu programa de Rádio Clube, "A Marcha da Revolução Social no Brasil", livro escrito por Olbiano de Melo". Resposta. Fiz o comentário. Li essa obra de Olbiano Melo nos idos de 1956, um pouco depois do seu aparecimento. O autor fixa os movimentos revolucionários brasileiros de 1922 a 1954, inclusive o suicídio de Getúlio Vargas. E procura oferecer as causas de cada um dêles.    


In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 2, 24 abril 1970.

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