LIVROS RECEBIDOS: Humanismo Telúrico do Nordeste, de F.
Alves e Andrade e Cândida Maria Galeno; Chegança,
de Fernando Braga; Antologia Escolar
Brasileira, organizada por Marques Rebêlo, oferta de Vicente de Paula Reis
e Silva; e A Porta do Paraíso, de Heli
Menegale, oferta de Celso Barros.
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Consulta de Karla:
"É errado usar-se PASSADO precedido
de PARTICÍPIO? Por que se diz ZIMPATIZO-O, se o verbo exige preposição?"
RESPOSTA. Pode dizer-se PARTICÍPIO PASSADO. Nenhum mal há nisto. Particípios são
formas verbais que têm natureza verbal e adjetiva, ao mesmo tempo. Em português
há o PASSADO e o PRESENTE. Construção muito antipática a registrada pela
missivista: SIMPATIZO-O. O verbo SIMPATIZAR normalmente vem com a preposição
COM: simpatizo com os homens nobres de caráter.
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DEOCLÉCIO Dantas
oferece-me livro recentemente editorado pela COMEPI. Trata-se de COMO SE COMPORTAM AQUÊLES QUE PARTICIPAM
DIRETAMENTE NA OBRA – ensaio ténico-econôico-sociológico – escrito pelo
engenheiro civil Lidenor de Mello Motta, que esclarece, na apresentação: "Pretendemos fazer com êste trabalho uma
longa reportagem do Mundo da Indústria de Construções no setor de execução da
obra. É um relato escrito nos canteiros de serviços de prédios de apartamentos
residenciais, vivendo e dialogando diariamente com os protagonistas, sentindo
os seus anseios pelo desejo de propiciá-los e participando das suas tarefas
pela co-responsabilidade da investidura de engenheiro encarregado da obra. Os
assuntos abordados, acreditamos, levaram-nos a invadir searas doutros
departamentos da cultura, como a Economia e a Sociologia".
Lidenor de Melo Mota
aprecia, com invulgar capacidade, o trabalho e a personalidade de vários tipos
de operário, como o mestre-de-obra, o armador, o pedreiro, o carpinteiro, o
eletricista, o bombeiro, o estucador, o taqueiro, o marmorista, o vidraceiro, o
pintor, o servente e outros. Obra de técnico, de economista, de psicólogo.
O esfôrço de
composição, paginação, impressão e ilustração do livro pertence à COMEPI – um
esfôrço digno de admirar e altear e que revela o nível de aprimoramento a que
chegaram os servidores dessa emprêsa, liderados pela capacidade devotada de
Deoclécio Dantas. Aplausos a Ari Lopes, ilustrador da obra, concebedor da capa.
Ari é artista consumado.
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Outra pergunta de
Karla: "Está correta a construção
MINHA CASA FICA AO PEGADA A SUA?" RESPOSTA. Não. Certo assim: minha
casa fica pega à sua. Pegada aí tem valor de junta, ligada.
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Um ex-diretor do
FRIPISA ofereceu ao órgão competente denúncia contra Rodrigues Filho. Segundo a
denúncia, o ex-delegado da SUNAB "estaria
usando os poderes do cargo para beneficiar-se, na qualidade de proprietário de
vacaria", e ainda para "prejudicar
o denunciante, ao permitir a matança (de gado) em outros abatedouros".
O processo mereceu
sindicâncias e recebeu depoimentos. Examinado pela Procuradoria Geral da
Superintendência Nacional do Abastecimento, esta concluiu que as denuncias eram
"não só infundadas, como também
imbuídas de má-fé, com o fim de, desmoralizando o delegado, desmoralizar a
SUNAB naquele estado".
Está Rodrigues Filho
de parabéns. Totalmente absolvido das leviandades com que quiseram tisnar-lhe a
honra, bem luminoso, o mais luminoso da existência. Ouvi, certa vez, de incautos
que Rodrigues estava envolvido em corrupção na SUNAB. Protestei. Não sei
investir contra a honra de ninguém sem provas inatacáveis. Já padeci ofensa à
minha honra. Mastigaram-na com a podridão de haver eu recebido diárias ilícitas
como Secretário de Educação. Provei com certidão do Departamento de
Administração da própria Secretaria a inverdade da acusação baixa e vil. Provei
mais: que não recebi dois terços das diárias de viagem que efetuei, que não
recebi os dinheiros que gastei com gasolina no interior, que não recebi os
dinheiros das despesas pagas com o café fornecido à Secretaria. Dirigi
requerimento de cobrança ao governador Alberto Silva. Nunca o Chefe do
Executivo mandou pagar-me o que o Estado me deve, justamente porque sou pobre.
Alguns ricaços recebem pagamentos com rapidez espantosa. Outros recebem
pagamento alto por serviço que não corresponde aos dinheiros metidos na bôlsa
de ilicitudes. Eu, não. O Estado não me paga o que me deve.
Fiquei jubiloso com a
vitória de Rodrigues Filho - uma vitória que reafirmou a integridade do seu
patrimônio moral - riqueza mais pura que se deixa à mulher e aos filhos e com
que se vive de fronte erguida em sociedade.
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Outra pergunta de
Karla: "É obrigatório o uso da
vírgula quando o objeto antecede ao verbo?" RESPOSTA: não.
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Parque Nacional de
Sete Cidades, área do govêrno federal. Administração do Ministério da
Agricultura, por intermédio do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal, órgão dirigido no Piauí por essa figura de estimação, convivência
reclamada, de nome Raimundo Nonato Medeiros, que é também o administrador do
Parque. E bom admirador. Fêz ali abrigo para visitantes, residências para
servidores, pôsto de saúde, uma escolinha. Há energia elétrica. O IBDF do Piauí
editorou agora trabalho de divulgação, coordenado pelo talento artístico de
Hardi Filho. Aspectos históricos das SETE CIDADES, com fundamento nas idéias de
Ludwig Schwenhegen. Em seguida, transcrição do Decreto 50.744, de 8 de junho de
1961, que criou o Parque Nacional de Sete Cidades e considerou flora, fauna e
belezas naturais da área merecedora da proteção dos podêres públicos. O
trabalho do IBDF passa a demonstrar a localização do Parque, limites, vias de
acesso, flora, fauna (perequitos, veados, onças, variedades de répteis,
batráquios), clima, obras realizadas. Finalmente, as finalidades dos Parques
Nacionais.
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Li num jornal de
Teresina que será realizado concurso de dança. Não sei quantas orquestras
tocarão por processo de revezamento. Ganhará o Prêmio aquêle que conseguir
dançar durante quarenta horas, sem parar. Deus meu, que estais pendente de um
madeiro, protegei a mocidade desta terra. Por que em Teresina só se pensa em
futilidade? Não seria melhor convocar a juventude para um concurso literário?
Não. Chega ou não chega de concurso de exibição de corpos? Desta vez, com a
dança, exibição de rebolado. Aqui já se elegem misses do algodão, da carnaúba,
do fumo, da escuridão, o da gordura, do funcionalismo - e o prefeito de Buriti
dos Lopes outro dia anunciava que ia escolher a misse do arroz. E quantas
rainhas: do carnaval, das férias, do caju, da pitomba, dos colégios, das
tertúlias, das escolas de samba, do verão, do folclore, e agora certamente virá
a rainha do futurismo. Aqui já escolheram até o homem mais bonito. Entenda-se
que uma coletividade não pode viver o ano todo de pasmaceira. Que caminhos são
oferecidos à mocidade? Então a vida se resume nas lições de que o estudo não
merece incentivos? Noite e dia, dia e noite, de janeiro a dezembro , os rádios
e os jornais, permanentemente, registram festas, festinhas, festocas e
festanças. É necessidade espiritual a diversão. Nunca a diversão como objetivo
da vida, como única forma de vivência. Nos Estados Unidos se fazem êsses
concursos de dança ao ar livre. Os pares ingressam numa área cercada. Música e
mais músicas. Não se para de tocar. Os que não agüentam vão deixando a pista. O
par que conseguir ficar sozinho, ganha o prêmio. Coy, em romance forte, condena
a estupidez de tais concursos. Teresina vai copiar a moda. Interessante é que
aqui a gente só copia dos outros o que não presta.
In: TITO FILHO, A.
Caderno de anotações. Jornal do Piauí,
Teresina, p. 6, 17 dez. 1971.