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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

CADERNO DE ANOTAÇÕES (165)

Altevir Alencar, poeta piauiense, nome nacional, publica livros desde 1956: "Sonho e Realidade", "Eterno Crepúsculo", "Poema da Solidão", "Poemas para Quem Sabe Amar" - uns editorados em Recife, a maior parte em Fortaleza. Está preparando: "Ouvindo, Vendo e Narrando" (crônicas) e "Do Caderno de Um Boêmio" (poesias). Viajou recentemente a terras e mais terras em busca de dados objetivos para uma interpretação: "Lampião: Herói ou Covarde?". As últimas publicações dêsse poeta, deveras dos melhores, foram "Dentro de Mim" (poesias), que prefaciei, para atestar: "Neste livro se encontram mais etums mais preocupações. Há nêle a noite, a sombra, pressentimentos de amarguras infinitas, raios de lua, agonias de morte, frio do nada, névoas, rendas virginais, visões e lendas, vozes veladas, ingenuidades e melancolias, a paisagem e o homem, a crença e a descrença, Deus e a maldade das criaturas - há a vida, enfim, resumida num clima estético de lirismo permanente, um ritmo musical próprio da tradição artística". E outro livro - "Alguma Poesia", que êle assim me ofereceu: "A meu velho e querido amigo Tito Filho mais esta fôlha arrancada da árvore da minha vida". A obra nada fica a dever as anteriores. Sempre o mesmo Altevir eloquente com as cousas simples, com a vida plena de defeitos e qualidades. Por determinação do governador Clímaco de Almeida foram adquiridos, pela Secretaria de Educação, quatrocentos exemplares de "Alguma Poesia”, para distribuição por colégios, grêmios, jornalistas, intelectuais, pessoas do povo. Objetivo; homenagear o poeta conterrâneo e difundir as boas letras. A respeito da última obra de Altevir recebi: "Prof. Tito Filho. Com muita honra agradeço-lhe a lembrança de "Alguma Poesia", pois não apenas vi e li alguma cousa, mas várias e boas poesias. Muito obrigado mesmo. Faço preces para uma existência prolongada, dedicada, até agora, a serviço da cultura e da educação dos piauienses. a) Olímpio Guilherme".

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Leitura recomendada: "Rio Sêco", de Pereira Nóbrega. A bondade de Maria Helena de Sousa Martins (Instituto de Nutrição da Universidade de Recife) me ofereceu essa preciosidade. Livro (romance) forte. Tema: o abandono do campo, o atrativo das cidades. Sofrimento e tragédia.

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De onde vem a palavra CIGANO? Respondam os doutores. Fêz-me consulta, uma feita o saudoso Álvaro Ferreira. Pesquisei e muito pesquisei. Ofereci esta sugestão minha: talvez o vocábulo seja de proveniência romena, TSIGANI, uma vez que o grupo TS nessa língua se pronuncia como o Z italiano: TSIGANI-ZIGANI-CIGANE-CIGANO. Palpite, apenas. Em palavras de outras línguas o I e o E finais fracos adaptam-se às desinências do masculino ou feminino, quando transladadas para o português.

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Sessenta mil alunas das escolas primárias no Piauí não possuem carteiras para sentar-se. Fiz tudo para prover as escolas dêsse equipamento. Em 1970 mais de dez mil carteiras foram distribuídas no princípio de 1971, umas quatro mil foram entregues às unidades escolares.

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Professôres de mérito (Frotas Pessoa, A. Coutinho, Dárdano Lima, Maria José Lima, André Furtado, Luísa Matos, Elizabeth Mansur) escreveram "Biologia-Nordeste" - livro para a compreensão de problemas científicos e humanos da zona que habitamos. Recebi exemplar gentilmente ofertado pelo prof. Pedro Vasconcelos Filho.

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Lordello esclarece: nas grandes cidades de países em desenvolvimento há grupos populacionais [que] vivem à margem que um centro urbano pode oferecer. Vivem em habitações precárias localizadas em áreas em degenerência. Não dispõe dos equipamentos básicos como água, esgôto, iluminação pública, calçamento. são complexas as causas dessa marginalidade. Daí a razão pela qual sugeri ao ilustre prefeito Joel Ribeiro que, em vez de tornar luxuosa a avenida Getúlio Vargas voltasse a atenção para os bairros e subúrbios marginalizados de Teresina. Seria obra de urbanização, mais do que isto: obra humana e social. Quem quiser veja a lama da periferia (inverno) e a poeira da periferia (verão). Continua o apêlo.



In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 2, 31 mar. 1971.

2 comentários:

  1. Caro Jordan, sua dissertação está sendo de grande valia para mim, estou usando-a como referência no meu texto de qualificação. Acompanho sempre o blog ! Estou usando o Caderno de Anotações no meu texto de qualificação! Pois trabalho com a década de 1970 inteira! Adorei ver o blog atualizado <3

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