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terça-feira, 12 de agosto de 2014

CADERNO DE ANOTAÇÕES (171)

LIVRO de caracterização de tipos bajuladores, engrossadores, chaleiras. Puxa-sacos: "Puxa-saquismo ao alcance de todos", de Nestor de Holanda. Se Nestor vivesse em Teresina, nos dias atuais, encontraria tipos para uns dez volumes, no mínimo, pis Teresina-1971 brevemente realizará concurso de puxa-saquismo. Há os de variada tonalidade. Oficiais, técnicos, graduados, amadores. Alberto Silva pode confirmar o que afirmo. E sabe o governante que não existe animal mais sórdido do que o puxa-saco. Nestor de Holanda teve a intenção de mostrar como homens e mulheres podem doutorar-se em puxa-saquismo. Teresina não tem necessidade de ler a cartilha de Nestor. Aqui o puxa-saquismo é instituição.

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FIZ leitura de "A vagabunda", de Colette. Romance-documento: vida dos cafés-concêrto parisienses. As angústias e as misérias dos artistas dêsses ambientes.

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OBRA curiosa e instrutiva: "Férias sôbre um tapete mágico", de Têmis Alves Ribeiro do Amaral. Viagem turística: Lisboa, Sevilha, Granada, Madri, Roma, Nápoles, Pompéia, Cápri, Veneza, Genebra, Colônia, Bruxelas, Londres, Paris. Experiências e observações. Para completar o roteiro turistico, faltou apenas o Piauí - o turismo do Piauí - a zona do meretrício da Paissandu, a coleção de buracos de Teresina, o pôr-de-sol da Serra dos Matões, o restaurante da praia de Luís Correia, a maqueta do Albertão, o futuro jardim zoológico do Secretário da Agricultura, a fábrica de tuberculosos (cem por mês), a piscina suspensa do Hotel Piauí, a linda cidade de Itaueira, os periquitos das Sete Cidades, as praias alvíssimas do Rio Poti, o prodígio da ponte do Parnaíba - ligando Teresina a Timon - como a ponte que liga miolo de Nova Iorque ao bairro do Brooklin. E o folclore da Secretaria de Educação. O livro de Têmis está incompleto: falta-lhe, por exemplo, a obra do Projeto Piauí no Parque Piauí, capital de baratas e de ratos. Falta-lhe o roteiro turístico da PIEMTUR.

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ÚLTIMO domingo, a Academia Piauiense de Letras prestou homenagem simples a Deolindo Couto, professor universitário, cientista de nomeada, membro da Academia Brasileira de Letras. Pronunciei discurso no dia em que Deolindo tomou posse na Academia Piauiense de Letras. Na oração, mostrei o quadro da angústia universal, atormentadora do homem e da mulher, fugitivos da realidade, levados à neurose e ao marginalismo - e acentuei que o homem e a mulher que sofrem têm disso a preocupação do grande médico piauiense, na clínica de Neurologia e nas lições magistrais - os sofredores humanos cujos males devem ser dominados pelo aperfeiçoamento dos processos de vida social. Na homenagem a Deolindo, ouviu-se magnífico recitativo do poeta Luís Lopes Sobrinho, recentemente eleito para a Academia Piauiense de Letras.

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COPIO esta nota publicada em jornal da terra. Assina-a inteligente confrade de imprensa: "Cocal foi o município mais desprezado pelos governos anteriores. No ano passado a cidade contava apenas com um grupo escolar, o qual o prof. Tito Filho, então Secretario de Educação do governo Clímaco, em visita ao município, encontrou-o em estado precário de funcionamento, o qual ordenou imediata derrubada, sem jamais ordenar a construção de outro". OBSERVAÇÃO. Realmente, ano passado, visitei a cidade de cocal. Ali estive no grupo escolar, de nome José Basson. Essa unidade escolar não se encontrava em estado precário. Funcionava regularmente. Mobiliário de madeira, já velho, é verdade. O grupo reclamava ampliação. Não mandei derrubá-lo. Êle lá se encontra. Necessitava de ampliação. Mais duas salas de aula. Deixei verba para tanto. Nunca determinei a demolição de nenhuma unidade escolar do Piauí. Interditei duas delas: uma em Piripiri, outra em Barras. Grupos sujos. Chiqueiros. Consegui, porém, recuperá-los. Tornei-os saudáveis, como novos. 



In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 3, 27 nov. 1971.

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