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terça-feira, 5 de agosto de 2014

CADERNO DE ANOTAÇÕES (168)

Dissemos que só para Picos o ex-governador Helvídio Nunes nomeou cinquenta professôras concursadas. Destas apenas vinte e seis entraram no exercício das funções. As outras vinte e quatro tomaram posse, sem que pudessem trabalhar e ganhar. Falta de vagas. Conseguimos, porém, que tôdas assumissem os cargos a partir de primeiro de março dêste ano.

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Na Assembléia Legislativa se proclamou que a Casa do Estudante vive abandonada dos pôderes públicos. Quando Secretário de Educação prontamente atendemos a única reivindicação daquela entidade que nos foi enviada: reparos no prédio. E os reparos foram feitos. Vive abandonado do govêrno o estudante piauiense. Sem condições de estudar. Desempregado. Problemas de livro didático. Desassistido. Desorientado. Está tranquila a consciência do autor destas linhas. Procuramos, em nove meses, dar novas condições de vida ao estudante. Em Brasília, julho de 1970, reunião de secretários que ao estudante do ensino médio fôsse dada a oportunidade de êmprego no MOBRAL (monitores). E a sugestão mereceu consentimento geral.

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Do primoroso poeta Vasques Filho, em carta de Fortaleza: "Parabéns pelo cargo que exerceu, de relêvo e de destaque, feito sob medida para a sua inteligência e operosidade". Obs. O piauiense Vasques Filho está com város livros prontos (poesia do mais elevado conceito), sem que possa publicá-los. Não há recursos.

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Remexi as gavetas, as estantes de livros. Arrumar a casa, depois do exaustivo trabalho à frente de pasta governamental. Revi o livro de Herculano Moraes - "Meus Poemas Teus", por nós prefaciado, e nos lembramos da cooperação que demos a Herculano para nôvo livro, ainda no prelo. Cooperação oficial, para a observância da meta de despertar as vocações no sentido de desenvolver o gôsto literário e artístico.

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Leia: "Partidos Políticos Americanos", de Brinkley. Interpretação segura das lutas partidárias nos Estados Unidos. Análise da Guerra de Secessão. Livro para estudo e meditação.

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O Sindicato dos Jornalistas do Piauí deve participar da Conferência Nacional dos Jornalistas, em Goiânia, junho de 1971. Sempre a delegação piauiense se projetou, condignamente, em conferências e congressos profissionais. Participamos do Congresso de Curitiba, e todos atuaram com prestigiosa responsabilidade. Veio depois a Conferência de Belo Horizonte. Tivemos oportunidade de discutir o Código de Ética. Mostramos que o projeto de jurista mineiro não se harmonizava com uma carta de princípios para o jornalismo. Derrotamos Minas Gerais e os seus juristas. Deliberou-se que o Código seria reformulado. No Congresso seguinte, Pôrto Alegre, fomos o presidente da Comissão Especial do Código de Ética, de cuja discussão participou Danton Jobim. Merecemos designação como relator do trabalho. Grande vitória do Piauí. Finalmente, a Conferência de Teresina, em 1969, se transformou em extraordinário sucesso para a vida jornalística do Piauí. Exercemos a presidência da importante Comissão Especial, e fomos designado relator e redator de todos os trabalhos da Conferência. Outra vitória piauiense.

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Na construção dos prédios escolares do Piauí predomina o adobe, de fraca consistência. Apenas um têrço dos prédios existentes é de alvenaria. Piso predominante: chão batido.

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Devia quase nada quando me tornei Secretario de Educação. De lá saí com dívidas nos bancos: quase dez mil contos. Entrei sem carro. Saí sem carro. Ando em carro que me foi emprestado por amigos.

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Dia 15 de março passei ao prof. Itamar Brito o cargo de Secretário de Educação e Cultura do Piauí, e dêle recebi elogiosas referências. Referências confortadoras. Chegou a dizer o ilustrado mestre que adotei ali o regime da responsabilidade, ou da co-responsabilidade.

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Exonerei-me do Ministério da Agricultura, dia 15 de março. Trabalhei nesse organismo federal sete anos, num trabalho constante, sem que nunca tenha ao menos gozado de férias. Agradeço publicamente as atenções que todos me dedicaram nesse período, especialmente o dr. João Alves de Moura. Conquistei amigos, graças a Deus. Fui lhano, humano, correto com os colegas, superiores e subordinados. Isto conforta e enobrece.        



In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 2, 28 mar. 1971.

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