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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

CADERNO DE ANOTAÇÕES (170)

DE FÉLIX AIRES, do Rio, com data 9.11.71: "Prof. Tito Filho. Fazendo parte da atual presidência da Federação das Academias de Letras do Brasil, na qualidade de um dos seus secretários, representando a Academia Maranhense de Letras, combinei com o desembargador Cristino Castelo Branco, colega das sessões aos sábados, solicitar que V. exa. apresente, caso seja de sua vontade e da vontade da Academia Piauiense de Letras, o nome do acadêmico Bugyja Britto, advogado, poeta e jornalista, funcionário da Fazenda Federal, para preencher uma das vagas de representante da Casa de Lucídio Freitas nesta Federação, como êle próprio o deseja. O nobre amigo poderia aproveitar a oportunidade e enviar também os nomes de mais dois delegados piauienses, a fim de preencher os três lugares contanto que residentes no Rio". OBSERVAÇÃO. Já efetivei a indicação de Cristino Castelo Branco, Martins Napoleão e Bugyja Britto como representantes da Academia Piauiense de Letras junto à Federação das Academias de Letras do Brasil. Agora, um apêlo a Alberto Silva. Apêlo em favor das letras piauienses. Ano passado, tive a satisfação de hospedar, duas vêzes,na humildade de minha residência, o poeta Félix Aires, brasileiro que divide o imenso coração entre o Piauí e o Maranhão. Félix organizou, aqui, antologia completa de sonetistas piauienses. Mortos, vivos, conhecidos e desconhecidos. Trabalho de muitos dias e de muitas noites. Traços biográficos e produção poética de cada qual. Excelente critério crítico de escolha dos mimos literários. E dizer que Félix regressou ao Rio sem que obtivesse solidariedade para publicar o rico florilégio. Deoclécio Dantas fêz o que pôde. De mim, ajudei Félix quanto pude, inclusive no estafante esfôrço de revisão das notas biográficas e dos sonetos escolhidos. No momento, Alberto Silva tem oportunidade de prestar legítimo e valioso serviço às letras do Piauí. Está no dever de autorizar-me a publicação da antologia de Félix, que quer apenas quinhentos exemplares. O restante da edição será distribuído pelo Piauí a colégios e instituições culturais. Aguardo a palavra de ordem de Alberto Silva.

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Todo o universo de Balzac ("A Comédia Humana" - oitenta e oito romances e novelas) está na obra-síntese de Paulo Rónai - "Balzac e a Comédia Humana". Êste livro abre caminho a quantos queiram aprender o sentido da obra balzaquiana. Balzac mostrando que a honestidade para nada serve, e que a corrupção representa uma fôrça porque o talento é raro. A corrupção vale a alma da mediocridade. Balzac é a França, sobretudo é Paris - Paris a que, segundo êle, melhor do que em qualquer outra parte a vida se resume numa eterna luta de instintos, mal disfarçada pelas formas polidas da civilização.

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COMEÇO dêste 1971, li seguro ensaio de Celestino Sachet, com o título de "Fundamentos da Literatura Catarinense". No ensaio, que comentei nesta coluna, há referências a Péricles Prade, escritor (contista e poeta) mergulhado no surrealismo policial-literário. Recentemente recebi carta de Péricles, acompanhada da sua última produção intelectual. A carta reza: "Tito Filho, obtive com o Secretário da União Brasileira de Escritores de São Paulo o teu enderêço para a remessa do livro OS MILAGRES DO CÃO JERÔNIMO. Se, porventura, fôr honrado com qualquer manifestação crítica, peço a gentileza de me remeter o recorte". OBSERVAÇÃO. Estou efetuando a leitura para posterior apreciação.

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CARTA honrosa, que publico a pedido do signatário: "Professor. Tomando conhecimento, pelo rádio, de seu aniversário natalício, venho com o mesmo espírito de amabilidade que você sempre cultivou em benefício dos seus companheiros e amigos, trazer-lhe os comprimentos de muitas felicidades e repetidos triunfos. Gostaria de ser mais capacitado no pronunciamento da gramática para dizer de público algo a respeito do seu atrativo e dedicioso programa que vem fazendo, diáriamente, pelo rádio, grandioso sacrifício para um educador que tem outras obrigações cansativas, martirizando a sua preciosa existência até onze horas da noite. Com meus filhos e espôsa, assistimos religiosamente aos seus invejáveis comentários com belíssimas aulas de história, geografia, português, política, patriotismo, democracia, religião e outras proveitosas disciplinas que deleitam e confortam o coração da gente, o que lamentamos não serem repetidas durante o dia, para outros que não ouvem em virtude de suas obrigações noturnas. Anteriormente, tínhamos Eurípedes Aguiar, Álvaro Ferreira, Simplício Mendes, Costa Andrade e outros que lutavam na mesma tenda cansativa do jornal. Agora estamos assistindo à fidelidade, ao esfôrço e ao dinamismo do abnegado e corajoso mestre Tito Filho, prejudicando a sua própria saúde, perdendo o soninho das dez horas, falando e esclarecendo uma hora seguida, deixando os prazeres de casa para estar no batente da Difusora, onde tão bem realça e explica os acontecimentos que todos precisam e merecem conhecer. Você deve modificar o horário do seu programa, fazendo de tal maneira que não prejudique tanto o seu descanso e sua saúde, gravando também para que seja repetido em outras horas do dia, para que todos participem de seus extraordinários ensinamentos. a) Benedito Lima". OBSERVAÇÃO. Tenho dito e repetido: mestre Benedito de Castro Lima tem coração mais bonito do que a beleza da rosa.



In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 7, 24 nov. 1971.

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