DE FÉLIX AIRES, do
Rio, com data 9.11.71: "Prof. Tito
Filho. Fazendo parte da atual presidência da Federação das Academias de Letras
do Brasil, na qualidade de um dos seus secretários, representando a Academia
Maranhense de Letras, combinei com o desembargador Cristino Castelo Branco,
colega das sessões aos sábados, solicitar que V. exa. apresente, caso seja de
sua vontade e da vontade da Academia Piauiense de Letras, o nome do acadêmico
Bugyja Britto, advogado, poeta e jornalista, funcionário da Fazenda Federal,
para preencher uma das vagas de representante da Casa de Lucídio Freitas nesta
Federação, como êle próprio o deseja. O nobre amigo poderia aproveitar a
oportunidade e enviar também os nomes de mais dois delegados piauienses, a fim
de preencher os três lugares contanto que residentes no Rio".
OBSERVAÇÃO. Já efetivei a indicação de Cristino Castelo Branco, Martins
Napoleão e Bugyja Britto como representantes da Academia Piauiense de Letras
junto à Federação das Academias de Letras do Brasil. Agora, um apêlo a Alberto
Silva. Apêlo em favor das letras piauienses. Ano passado, tive a satisfação de
hospedar, duas vêzes,na humildade de minha residência, o poeta Félix Aires,
brasileiro que divide o imenso coração entre o Piauí e o Maranhão. Félix
organizou, aqui, antologia completa de sonetistas piauienses. Mortos, vivos,
conhecidos e desconhecidos. Trabalho de muitos dias e de muitas noites. Traços
biográficos e produção poética de cada qual. Excelente critério crítico de
escolha dos mimos literários. E dizer que Félix regressou ao Rio sem que obtivesse
solidariedade para publicar o rico florilégio. Deoclécio Dantas fêz o que pôde.
De mim, ajudei Félix quanto pude, inclusive no estafante esfôrço de revisão das
notas biográficas e dos sonetos escolhidos. No momento, Alberto Silva tem
oportunidade de prestar legítimo e valioso serviço às letras do Piauí. Está no
dever de autorizar-me a publicação da antologia de Félix, que quer apenas
quinhentos exemplares. O restante da edição será distribuído pelo Piauí a
colégios e instituições culturais. Aguardo a palavra de ordem de Alberto Silva.
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Todo o universo de
Balzac ("A Comédia Humana" - oitenta e oito romances e novelas) está
na obra-síntese de Paulo Rónai - "Balzac e a Comédia Humana". Êste
livro abre caminho a quantos queiram aprender o sentido da obra balzaquiana.
Balzac mostrando que a honestidade para nada serve, e que a corrupção
representa uma fôrça porque o talento é raro. A corrupção vale a alma da
mediocridade. Balzac é a França, sobretudo é Paris - Paris a que, segundo êle,
melhor do que em qualquer outra parte a vida se resume numa eterna luta de
instintos, mal disfarçada pelas formas polidas da civilização.
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COMEÇO dêste 1971, li
seguro ensaio de Celestino Sachet, com o título de "Fundamentos da
Literatura Catarinense". No ensaio, que comentei nesta coluna, há
referências a Péricles Prade, escritor (contista e poeta) mergulhado no
surrealismo policial-literário. Recentemente recebi carta de Péricles,
acompanhada da sua última produção intelectual. A carta reza: "Tito Filho, obtive com o Secretário da União
Brasileira de Escritores de São Paulo o teu enderêço para a remessa do livro OS
MILAGRES DO CÃO JERÔNIMO. Se, porventura, fôr honrado com qualquer manifestação
crítica, peço a gentileza de me remeter o recorte". OBSERVAÇÃO. Estou
efetuando a leitura para posterior apreciação.
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CARTA honrosa, que
publico a pedido do signatário: "Professor.
Tomando conhecimento, pelo rádio, de seu aniversário natalício, venho com o
mesmo espírito de amabilidade que você sempre cultivou em benefício dos seus
companheiros e amigos, trazer-lhe os comprimentos de muitas felicidades e
repetidos triunfos. Gostaria de ser mais capacitado no pronunciamento da
gramática para dizer de público algo a respeito do seu atrativo e dedicioso
programa que vem fazendo, diáriamente, pelo rádio, grandioso sacrifício para um
educador que tem outras obrigações cansativas, martirizando a sua preciosa
existência até onze horas da noite. Com meus filhos e espôsa, assistimos
religiosamente aos seus invejáveis comentários com belíssimas aulas de
história, geografia, português, política, patriotismo, democracia, religião e
outras proveitosas disciplinas que deleitam e confortam o coração da gente, o
que lamentamos não serem repetidas durante o dia, para outros que não ouvem em
virtude de suas obrigações noturnas. Anteriormente, tínhamos Eurípedes Aguiar,
Álvaro Ferreira, Simplício Mendes, Costa Andrade e outros que lutavam na mesma
tenda cansativa do jornal. Agora estamos assistindo à fidelidade, ao esfôrço e
ao dinamismo do abnegado e corajoso mestre Tito Filho, prejudicando a sua
própria saúde, perdendo o soninho das dez horas, falando e esclarecendo uma
hora seguida, deixando os prazeres de casa para estar no batente da Difusora,
onde tão bem realça e explica os acontecimentos que todos precisam e merecem
conhecer. Você deve modificar o horário do seu programa, fazendo de tal maneira
que não prejudique tanto o seu descanso e sua saúde, gravando também para que
seja repetido em outras horas do dia, para que todos participem de seus
extraordinários ensinamentos. a) Benedito Lima". OBSERVAÇÃO. Tenho
dito e repetido: mestre Benedito de Castro Lima tem coração mais bonito do que
a beleza da rosa.
In: TITO FILHO, A.
Caderno de anotações. Jornal do Piauí,
Teresina, p. 7, 24 nov. 1971.
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