O PROFESSOR Lima Cordão realizou viagem de visita a
algumas Associações de Pais e Amigos de Excepcionais. Entusiasmou-se com a de
Recife: "Uma equipe de educadoras à
altura da moderna pedagogia aplicada ao excepcional; instalações maravilhosas;
oficina pedagógica bem montada; assistência médica e odontológica completa".
Da APAE de Maceió disse Cordão: "Entidade
atuante. Em Maceió, o movimento de amparo ao excepcional é assunto que conta
com a participação do povo e das autoridades, graças à extraordinária
capacidade de trabalho do seu líder Robert Rubens Paranhos Jambo". De
Garanhuns, Cordão trouxe essas impressões: "Uma senhora, muito jovem, mãe de quatro filhos normais, dedica-se de
corpo e alma a causa do excepcional. Trata-se da dinâmica professora Ana Maria
Lima Veloso, esposa do dr. Paulo Gervásio. Esta senhora constitui uma atuante
APAE". Em Natal, o visitante viu "um trabalho dignificante". A respeito de Fortaleza escreveu
Cordão: "Escola de ambiente dos mais
salutares. Salas amplas e confortáveis. Prédio moderno. Ótimas instalações".
Cordão pretende visitar a APAE de Parnaíba, confiada a Monsenhor Antônio
Sampaio.
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DA CORRESPONDÊNCIA. "Teresina, 24-2-72. Prof. Tito Filho, venho agradecer-lhe a oferta do
maravilhoso e belíssimo livro da saudosa professora Cristina Leite, CANÇÕES DE
HOJE - CANÇÕES DE OUTRORA. O livro é valioso e não deve ser faltar nas boas
bibliotecas. É uma obra que prova que em nosso Estado existem pessoas de
talento. Ouvinte constante do seu programa. a) Liduína Maria de Sousa Melo".
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JOVENS que visitaram Teresina, com o objetivo de realizar
filme no cenário de Sete Cidades, manifestaram o desejo de filmar "Sinhazinha de Carnaque", festejado
romance de Lilizinha Castelo Branco de Carvalho. Idéia excelente. Trata-se de
um livro de costumes piauienses, no ambiente rural do Piauí. História
encantadora. Os rapazes fizeram entre nós "GURU DAS SETE CIDADES",
com enredo pisado e repisado, de muito mau gosto. Teresina invadida por HIPPIES.
Sete cidades habitada por gurus. Hippies nas Sete Cidades, onde se encontra um
casal de turistas, marido e mulher. Luta entre hippies e gurus. O filme tem
cenas finais em Luís Correia, na praia. Um tarado assalta a mulher turista,
arranca-lhe a roupa, inclusive a calcinha interna. Mulher nua correndo pela
praia, tarado atrás, calcinha espetada no dedo indicador. Erotismo. Pena é que
o governo do Estado esteja solidário com tal exemplo de mau cinema.
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CARTA RECEBIDA: "Teresina,
24-2-72. Estimado professor Tito Filho. Prezado mestre. Já me habituei a ouvir
o seu programa noturno na Rádio Difusora, às 22 horas, diariamente, e a prova é
que várias vezes lhe tenho escrito, consultando-o ou lhe pedindo informações e
cujas respostas sempre me foram plenamente satisfatórias. Hoje novamente volto
a lhe fazer perguntas, esperando ser mais uma vez atendido na medida do
possível: 1) Essa nova reforma ortográfica, a que muitos jornais e revistas já
estão obedecendo, está oficializada? O trema foi suprimido por completo? 2) Se
o acento diferencial foi suprimido, também o foram os homonimos homográficos?
3) Qual a origem e o significado das palavras GUANABARA e CARIOCA? 4) O gaulês
é o idioma dos antigos gauleses. Eu lhe pergunto: o gaulês é língua morta? Era também
língua falada na França? Certo do atendimento. a) Luís Pereira da Silva".
RESPOSTAS: 1) A reforma é oficial. Lei do Congresso Nacional, sancionada pelo
Presidente da República. O trema não foi totalmente abolido. Permanece no U,
quando esta vogal se pronunciar, caso esteja seguida de E ou I e antecedida de
G ou Q. É o caso, por exemplo, de CINQÜENTA, de AGUËNTAR. Devo esclarecer que o
autor destas linhas não emprega o trema em circunstância alguma. 2) Não foram
suprimidos os homônimos nem o homográficos, pois não se podem suprimir FATOS da
língua. Os estudiosos balizam como HOMÔNIMA as palavras que se pronunciam do
mesmo modo e são diferentes na escrita (cinto e sinto), ou que têm escrita
idêntica e significam cousas diferentes, como LIVRO (substantivo) e LIVRO (do
verbo LIVRAR). Como se vê, a lei não poderia extinguir os HOMÔNIMOS, pois estes
existem, encontram-se na VIDA da linguagem. HOMOGRÁFICAS são as palavras que se
escrevem do mesmo jeito, como COROA (substantivo) e COROA do verbo COROAR,
ambas de pronúncia fechada, tanto o substantivo quanto o verbo. A última
reforma não poderia VARRER tais palavras da língua usual. A regra antiga dizia:
quando houver palavras homógrafas, se uma delas tiver SOM ABERTO e a outra
tiver SOM FECHADO (heterofônicas), põe-se o acento circunflexo na que tiver som
fechado. Era o célebre ACENTO DIFERENCIAL, que aparecia em, por exemplo, ALMOÇO
(substantivo, som fechado) para distinguir de ALMOÇO (verbo, som aberto).
Desapareceu o acento diferencial com a última reforma, - e esta manda aplicá-lo
no pretérito perfeito de PODER, terceira pessoa do singular, PÔDE para evitar
dúvida relativamente à terceira pessoa do singular do presente do indicativo:
PODE. 3) Os estudiosos assentam que GUANABARA é forma corrompida de GUA (seio),
NÃ (semelhante, parecido) BARÁ ou PARÁ (mar). Significa SEIO SEMELHANTE AO MAR.
Elementos tupis. A respeito de CARIOCA explica Romão da Silva que se trata e
alteração de ACARY-OCA - casa ou viveiro de ACARIS. Acrescenta que ACARI é nome
de peixe de água doce, peixe cascudo, e com esses peixes os tamoios comparavam
os guerreiros encaroçados das guarnições portuguesas aquarteladas na primeira
casa de pedra da cidade do Rio e que passou a ser chamada pelos índios A CASA
DOS ACARIS (OCA em tupi vale CASA). Romão registra também CARAY-OCA ou
CARAYB-OCA como residência ou casa do branco, do senhor, dos mandões. Batista
Caetano, no "Vocabulário", escreve que CARAY é nome muito espalhado
nas Américas. No Paraguai quer dizer SENHOR. Para ele CARIOCA significa A CASA
DO BRANCO. Para o notável Teodoro Sampaio - O TUPI NA GEOGRAFIA NACIONAL -
CARIOCA é o mesmo que CARIÓ, corrompido em CARIOCA, a casa do branco, a
residência do europeu. 4) Gaulês é o nome dado ao velho céltico continental
falado na Gália antes da conquista romana. a Gália compreendia a área entre o
Rio Reno e os Pirineus. Conquistada por César, foi durante cinco séculos
província de Roma. O latim tornou-se a língua das pessoas educadas. Foi a
Gália, no terceiro século da nossa era, conquistada por povos germânicos - no
caso um desses povos - os francos que estabeleceram o primeiro grande reino no
que iria ser a França. A língua dos gauleses foi suplantada pela língua dos
dominadores, em choque também com a língua dos dominadores. A ação
substratistica e a ação superstratistica fizeram o idioma francês.
TITO FILHO, A. Caderno de Anotações. Jornal do Piauí, Teresina, 02 mar. 1972, p. 3/6.