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sábado, 31 de janeiro de 2015

CADERNO DE ANOTAÇÕES (196)

DE JOSÉ Coelho de Resende, diretor do Departamento Financeiro da Eletrobrás, do Rio com data de 27-10-72: "Possuo a antiga LIRA SERTANEJA. Gostei imensamente da obra atual e apresento-lhe os mais efusivos parabéns pela sua colaboração. O seu trabalho está magnifico. as duas LIGEIRAS OBSERVAÇÕES sobre o vocabulário da LIRA SERTANEJA são maravilhosos e não negam pertencer a um mestre, que tão dignamente sabe honrar o nome do pai que possuiu".

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AGRADECIDO a Artur Furtado Filho, expressão do magistério piauiense, pela colaboração prestada à Academia Piauiense de Letras.

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De KÁTIA Bento, do Rio, recebo "PRINCIPALMENTE ETC", coleção de poemas enérgicos e graves, coloridos e angustiosos. Brilho verbal. Temas fundamentais. Agarra-se a poetisa a uma realidade dura. Muita força expressiva. Visão humana da vida. Leia-se este debate trágico com o destino da humanidade. Versos sacudidos de interpretações morais e espirituais da existência do homem neste angustiado século:

"a solidão é célula / compondo ventre / unhas e cabelos / do homem / a solidão flui / na corrente venosa / a solidão circulatória / a solidão é hemorragia / e não estanca / é seiva latente / se refazendo / (a solidão é verme, vírus e metástase). / É o círculo / o jogo de pega-pega / a cadeira-de-roda / a muleta, amuleto / a solidão é doença / inveterável e veterana / a solidão morde / dia e noite / com seus dentes-faca / a solidão é vampiro / Drácula ao meio-dia / caudilho e chicote".

Tenho a poesia de Kátia Bento como um conceito agônico da vida, da forma que nos legou Miguel de Unamuno.

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DE CARLOS Macedo, com data de 8-11-72: "Mestre. Dê dados biográficos do ilustre brasileiro Assis Brasil, que foi ministro no governo de Getúlio Vargas". RESPOSTA. Joaquim Francisco de Assis Brasil, gaúcho, político e historiador, nascido em 1857 e falecido em 1938. Bacharel em Direito. Deputado provincial. Deputado federal em 1933. Enviado plenipotenciário do governo brasileiro à Argentina e à China. Embaixador em Lisboa. Ministro do Brasil no México e nos EUA. Assinou em Nova Iorque a declaração pela qual o Bolivian Sindicate renunciava, mediante indenização, à concessão obtida do governo boliviano para ocupar, administrar e explorar o território do Acre. Candidato ao governo do Rio Grande do Sul contra Borges de Medeiros. Não teve reconhecida sua candidatura. Vitoriosa a Revolução e 1930, foi Ministro da Agricultura de Getúlio Vargas e depois embaixador em Buenos Aires. Obras: "História da República Rio-grandense", "Democracia Representativa", "Do Governo Presidencial", "Do voto e do modo de votar".

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CELSO Filho ofereceu-me "Carta Mensal", órgão do Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio", edição de setembro de 1972. Essa revista abriga estudo de Arthur Cezar Freire Reis, que confirma a minha tese de que a riqueza do Brasil, ao tempo da Independência, estava no gado do Piauí.

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Gostei deste livro de crônicas de Amaline Issa: "Anotações sobre um testamento".

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Livro para meditação: "O Processo", de Kafka.

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ALGUMAS boas lições de português: "Linguagem e Estilo", de Laudelino Freire.

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MUITO bem organizado o "Pequeno Anedotário da Academia Brasileira de Letras", Josué Montelo.

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MAGISTRAIS cenas do quotidiano: "Éramos Seis", de Maria José Dupré.

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DE VICENTE Câmara, chefe da SUDENE no Piauí, com data de 8-11-1972: "Na oportunidade em que a SUDENE fez o lançamento do SEGUNDO PRÊMIO SUDENE DE JORNALISMO, temos a satisfação de encaminhar ao eminente professor e jornalista as normas referentes ao certame. Face à importância de que se reveste o Concurso em apreço pela Região Nordeste e, particularmente, para o Estado do Piauí, seria de grande valia contarmos com a participação da honrosa classe dos profissionais de imprensa deste Estado. Sabedores que somos do interesse sempre demonstrado pelo insigne mestre, pelas cousas dessa natureza, gostaríamos de contar com o decidido apoio de V. Sa." OBSERVAÇÃO. Já mandei a Vicente Câmara o testemunho do meu integral apoio ao patriótico concurso.

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DESAPARECEU uma inteligência vibrante que eu tanto admirava pela sua participação no movimento tropicalista, ao lado de Caetano Veloso. Chamava-se Torquato Pereira de Araújo Neto, poeta do pessimismo e da tristeza.

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LEIO em frei Mateus da Rocha que Jesus foi e será sempre problema para o homem, principalmente com a ressurreição, Jesus foi poeta. Também extraordinário pedagogo nas parábolas. E pregador, simples e familiar.

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[apagado no original]

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DE JOSÉ Antônio Ricardo Mont'alverne Lima, com data de 4-11-72: "Dr. Arimathéa. Por muitos dias estive aguardando o resultado do PROLONGADO ESTUDO do Governador do Piauí, atinente ao aumento do restante do funcionalismo, isto é, dos menos favorecidos, porque os outros já foram agraciados com os mais polpudos aumentos, por isso, era lógico que se esperasse uma providência igual para os BARNABÉS mais necessitados. Entretanto, eu creio que a surpresa e a decepção foi geral para os menos favorecidos, visto que os tais aumentos, além de virem por etapas, começaram por onde deviam terminar; além disso, as percentagens dos aumentos foram um verdadeiro disparate.

"Houve um aumento de cento e vinte por cento para a Polícia Militar; uma base de cinquenta por cento para os desembargadores; aumentos justos para professores e tabeliães aposentados; mas, para os pequenos BARNABÉS a injustiça foi a mais desumana que já se viu no Piauí".

"Caro professor, ninguém desconhece o espirito otimista e realizador do Sr. Governador; mas  verifica-se também que está insensível ao bem-estar dos pequenos BARNABÉS. Certa vez ele proclama que não adotaria injustiças no seu governo, e por que enviou essa Mensagem tão desproporcional e tão injusta? Será que esses injustiçados não têm o direito de recorrer a um órgão superior pedindo a equiparação dos seus vencimentos? Por que a Polícia Civil, que luta diariamente com os piores tipos de criminosos, não tiveram também uma reestruturação na mesma base da Polícia Militar?



TITO FILHO, A. Caderno de Anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 3/p.6, 1 dez. 1972.

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