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segunda-feira, 30 de junho de 2014

CADERNO DE ANOTAÇÕES (124)



AS NOTAS - 1) Mais dois excelentes boletins informativos da Divisão de Assistência Técnica aos Municípios, órgão CODESE, me foram obsequiamente remetidos. Grato. Publicação útil e bem orientada. 2) A partir de primeiro de setembro noventa mil pessoas estarão percorrendo todo o Brasil para fazer o 8º Recenseamento Geral do País. No Piauí a competente e dedicada servidora do IBGE Marlene Reverdosa de Castro vem desenvolvendo aplaudido esfôrço de sensibilizar os piauienses para as responsabilidades de cooperação com o censo. 3) Para orientação de Eliseu Guimarães Rocha: Malba Tahan não conviveu com o povo egipcío, nem "adotou estilo de vida egípcio". Encantado com a profundeza das lendas orientais, fêz do Oriente a paisagem de sua obra literária, com finalidade educativa. Uma feita, no Colégio Estadual do Piauí, eu lhe fiz saudação, em nome dos professôres. E com êle depois conversei. Disse-me que viajou o mundo, e tornou-se grande admirador da sabedoria dos contos orientais.

POLÍTICA - Drumond Júnior manda-me, de Brasília mais êste comentário político:

"1. Se imprevistas implicações resultarem no afastamento da candidatura Petrônio ao Governo e ao bloqueio das candidaturas José Cândido, Helvídio, Sigefredo e Joqueira ao Senado, a sucessão no Piauí propiciará oportunidade a nomes até então não cogitados. Seria esta uma nova chance a se abrir, entre outros, aos srs. Joaquim Parente e Gaioso e Almendra que poderiam alcançar a senadoria, depois de persistente trabalho junto aos escalões que têm no Presidente da ARENA, Rondon Pacheco, o seu representante e porta-voz.

Quando à Chefia do Executivo, frustrada a possibilidade de uma candidatura civil, o nome do Cel. Alexandrino Correia Lima deverá reunir as preferências, por se tratar de pessoa sem vinculações políticas. Esta escolha coincidiria com a tendência de alguns escalões que vêem em um candidato recrutado fora da política uma das melhores soluções para a chefia dos governos. Medidas dessa natureza para os diversos legislativos compõem o quadro da pretendida renovação política.

2. Aliás, constitui ainda uma incógnita a extensão do significado do que se convencionou chamar de renovação político-partidária, ou renovação dos quadros políticos. É certo, entretanto, que uma perfeita identidade com os princípios revolucionários constitui condição primordial para compor a nova imagem. É necessário também que o postulante tenha folha corrida e vida pregressa política que não comprometam, pois não basta pertencer aos quadros da ARENA para postular e conseguir uma cadeira no Legislativo ou a Chefia do Executivo.

3. A propósito, no JORNAL DO BRASIL, edição de 8 do corrente, lê-se o seguinte trecho: "A missão Rondon Pacheco, complementando, sob o ângulo político, o trabalho dos órgãos de informação, lhe dará os dados finais para examinar, quando oportuno, a lista de pretendentes a cargos de governador, senador e deputado federal. Só depois de aprovados é que os aspirantes poderão vestir a túnica imaculada de candidato". O texto seguinte é êste: "Todas as listas serão portanto examinadas minuciosamente e é bom que disso se dêem conta os postuladores que não estejam, pelo menos em matéria de revolução, com a consciência muito tranquila".

A revelação do colunista coincide com o que escrevemos em correspondência política enviada ao jornalista Tito Filho, há mais de dez dias. Na oportunidade acentuamos - ao tratar da questão sucessória - que a "palavra final será dada pessoalmente pelo sr. Rondon Pacheco quando se deslocar até o Piauí, a fim de verificar "in locum" a situação do partido de que o presidente nacional". Em seguida assinalamos que "Rondon fará uma avaliação de candidatos ao govêrno, à Câmara e ao Senado, bem como ouvirá, consultará e orientará".

A renovação dos quadros políticos dirigentes vem preocupando alguns setores, na medida em que se desconhece o alcance da inovação. Não se sabe ainda se no Piauí haverá surprêsas".       






In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 2, 28 fev. 1970.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

CADERNO DE ANOTAÇÕES (123)



POLÍTICA - De Drumond Júnior (Jeremias Abreu Pereira da Silva), especialmente para esta coluna:

"Na hipótese de o senador Petrônio Portela sair candidato ao govêrno, a chapa de senadores da ARENA, desde que não surja fato nôvo, deverá ser esta: Helvídio Nunes, Cândido Ferraz, Sigefredo ou general Gayoso. É claro que a inclusão de Helvídio vai depender da Lei das Inegibilidades, que poderá bloquear as aspirações de governadores, vices, prefeitos e outros membros de executivos. Ressalvo também que a composição da chapa com três nomes tem em vista a realização de eleições para a vaga de Petrônio, vale dizer: o seu suplente, no caso Benoni Leal, não assumiria, por implicações da lei ou vontade própria.

"Recordo que, há mais de um ano, em coluna jornalística, mostrei que a questão da senadoria iria transformar-se em "briga de foice no escuro", quando então previ a possibilidade de um esquema político baseado na candidatura Petrônio Portela ao govêrno, seguida da renúncia de seu suplente de senador. Êste esquema, que poderá ressurgir, abriria três vagas ao Senado, acomodando, sem arranhões, Helvídio, Cândido, Clímaco ou um dos Pachecos. Entretanto o retôrno do general Gayoso à militância política, poderá resultar em modificações do esquema previsto. A alteração incluiria, já agora, o nome do general em substituição a Clímaco.

"Corre-me o dever de lembrar que na ocasião em que previ o esquema com a substituição de Sigefredo por Clímaco, o eminente senador andava com a saúde abalada e com pretensões de descanso. Na ocasião o prof. Cláudio Pacheco não tinha interêsse em deixar a carteira que dirige no Banco do Brasil e o ex-governador general Gayoso parecia ter desertado da política. Todavia, ultimamente, os ventos sopram em várias direções.

Observe-se que qualquer outro esquema que inclua a permanência de Petrônio no Senado dificultará a composição da chapa de senadores, pois apenas duas vagas se darão. Existe, assim, prenuncio de borrasca sôbre a nau da senadoria, até porque os seguintes fatos revelam a certeza da luta que poderá desencadear-se. Os fatos são êstes: 1) o retôrno de Gayoso ao cenário político só poderá ser em tôrno de Senado ou Câmara Federal; 2) a declaração do governador, publicada em "Última Hora", do Rio deixa claro que disputará a Câmara ou o Senado desde que a lei o permita; 3) a entrevista do senador Ferraz ao jornalista Tito Filho não deixa dúvida de que voltará a pleitear a sua reeleição; 4) os pronunciamentos de Clímaco, divulgados em JORNAL DO PIAUÍ, não escondem as intenções do vice-governador com relação ao Govêrno ou Senado; 5) os contatos de senador Sigefredo com suas bases políticas e o seu otimismo quanto a saúde indicam que o parlamentar não pretende desertar da luta ainda esta vez.

"Entretanto continuo admitindo a possibilidade de Clímaco recuar e aceitar as opções por mim já assinaladas: Câmara Federal, direção do Banco do Estado ou uma das Secretarias do Executivo piauiense.

"Finalmente, acredito que o sucessor de Helvídio acolherá os seguintes nomes como auxiliares de seu Govêrno: João Clímaco, na hipótese de não marchar para o Legislativo Federal; Paulo Ferraz, se não conseguir a vice-governança; Bernardino Viana, cujo nome já vem sendo citado como futuro Secretario de Finanças; e Aurino Nunes, que poderá alcançar uma Secretaria de Estado, o comando da Polícia Militar (se até lá for promovido a major) ou a Prefeito de Teresina. Aliás, no caso de Helvídio não poder candidatar-se à Câmara ou ao Senado é certo que Aurino o substituirá na composição da chapa de deputados federais, desde que a lei consista".

AS NOTAS - 1) Nomeados diretor e diretor-substituto da Faculdade de Direito do Piauí os professôres de Direito Penal Robert Wall de Carvalho e Nódgi Nogueira. 2) Dia 18, em Teresina, o cônsul dos Estados Unidos no Recife Douglas McLain. Pretende entrevistar-se com Helvídio Nunes, Clímaco de Almeida, Petrônio Portela, José Raimundo Medeiros, Cândido Ferraz, Dom Avelar e Camal Cúri. 3) Para Sara, mais Estados e respectivas capitais dos Estados Unidos: Novo México (Santa Fé), Ohio (Columbus), Oklahoma (Oklahoma City), Oregon (Salem), Pensilvânia (Harrisburg).

 


In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 2, 17 fev. 1970.

CADERNO DE ANOTAÇÕES (122)



UMA CARTA - De Almir Fonseca, poeta dos mais ilustres: "Queira aceitar os meus sinceros parabéns e um forte abraço por você ter sido empossado no elevado cargo de Secretário de Educação e Cultura. Como disse o dr. Santos Rocha, em discurso, lamento também o tempo ser tão curto e, assim, não haver oportunidade suficiente para que você possa levar muito adiante tôda a obra grandiosa que fôra já planejada. Como afirmara o mesmo orador, também creio piamente que você deixará, além do mais, as diretrizes traçadas, o caminho certo, por onde os que o sucederem poderão seguir sem perigo de êrro, sem dificuldades, pois terão, assim, a orientação segura deixada pelo notável mestre. Contudo, no meu modo de pensar e ver as cousas, se o nôvo governador que virá tiver o mesmo tino administrativo do atual, conserva-lo-á à frente desta importante Secretaria, na certeza de que estará se organizando muito bem para fazer bom govêrno. Espero, portanto, que meu dileto amigo realize, com segurança, embora dentro do pequeno prazo disponível, tudo o que você pretende fazer, confirmando, desta fôrma, a sua grande capacidade de trabalho como inconfundível educador e excelente mestre que é. Peço desculpar-me por não ter comparecido à cerimônia de sua posse. Ouvi-a pelo rádio. Achei os discursos magistrais”.

AS NOTAS - 1) De Lauro Correia: "Satisfação felicitar ilustre professor merecida e acertada escolha exercício funções Secretário Estado Educação". 2) Reunida a Associação de Turismo para eleição da nova diretoria. Escolhido presidente o confrade Deoclécio Dantes (grau dez). Mantidos os demais: Elvira Raulino, Conceição Tapeti, João Batista da Silva, Paulo José, Tito Filho. Eleito para o departamento de relações públicas o confrade Herculano Moraes (ótimo). 3) De Antenor Filho, de Barras: "Parabenizo ilustre professor sua investidura Secretaria Educação". 4) Comemorando o terceiro aniversário de fundação da Associação dos Cegos. Missa no Colégio São Francisco de Sales. Reunião na sede da entidade. Parabéns a Emanuel Veloso. Grato pelo convite. 5) De Fontes Ibiapina, de Miguel Alves: "Docentes e discentes do ginásio Pio XII imensa satisfação congratulamos posse Secretaria, certos grandes empreendimentos decorrentes sua luminosa inteligência, invulgar capacidade e notável abnegação pelo desenvolvimento instrução nosso Estado". 6) Júbilo Nacional: a conquista definitiva pelos brasileiros, da taça do campeonato mundial de futebol. 7) De Obdiel Claro de Sousa, de São Pedro: "Meu sincero abraço justa e merecida escolha". 8) Da diretora e professôra do Grupo Escolar "Marechal Pires", de Pedro II: "Regozijamos ótima escolha Secretário Educação". 9) De Maria Augusta Cavalcante, presidente do Núcleo de Universitários Piauienses, de Fortaleza: "Parabenizamos ilustre amigo acertada escolha. Ninguém melhor, mais capacitado e inteligente para dirigir essa Secretaria".


In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 2, 23 jun. 1970.

CADERNO DE ANOTAÇÕES (121)



DA CORRESPONDÊNCIA - Para leitura em programação radiofônica recebo a seguinte, com data de 17.10.70: "Professor Tito Filho. No dia 23, vou viajar para Brasília. Uma temporada a convite de duas filhas que tenho lá, doutôras Balbina Arnaul Mendes, diretora do Pessoal da Câmara dos Deputados, e Neuza Arnaud Mendes, funcionária do Conselho de Segurança Nacional.

"Quero, por intermédio de seu valioso programa, despedir-me de todos os meus amigos, pondo os meus préstimos à disposição de todos, naquela capital.

"Vou contar mais um caso, acontecido aqui, no dia 23 de fevereiro de 1923, véspera de uma eleição para senador, cujo candidato único era o dr. Pires Rebêlo.

"Eu tinha um amigo e compadre de fogueira, proprietário residente nas imediações do povoamento Boquinha, que não era eleitor por ser analfabeto, entretanto dispunha de um grupo de dez eleitores, seus agregados. Meu compadre aqui chegou comandando êsse grupo. Depois de entregar os eleitores aos cuidados de coronel Delfino Vaz, que era o seu chefe, hospedou-se comigo, o que foi motivo de satisfação para mim. Estava anunciada uma reunião política, de noite, no Cine Olímpia, de propriedade do maestro Pedro Silva, onde hoje é a Distribuidora Brasília. Saí com meu compadre para a reunião. Quando lá chegamos já haviam sido iniciados os trabalhos, estando com a palavra o dr. Mário Batista. Fomos alvo de tôdas as atenções e risadas, pelo motivo de o meu compadre ter dado BOA NOITE para todos em voz alta, interrompendo o orador por alguns instantes. Terminada a reunião, anunciaram a passagem de um filme oferecido aos eleitores. Meu compadre ficou ansioso para vê-lo, pois não conhecia cinema.

"O assunto era passado na África, em lugar de muitas feras. Uma mulher, de carabina a tiracolo, sala para o riacho com a finalidade de lavar roupas, deixando duas crianças trancadas em casa. Logo após chegava uma onça e começava a forçar a porta. Meu compadre, vendo o desespêro das crianças, que corriam de lado a lado, avançou em direção ao palco, gritando que fôssemos acudir os meninos, e dizendo em altas vozes que não era possível entre tantos sêres humanos que se permitisse à onça matar as crianças. Segurei-o pelo paletó, pedindo-lhe que tivesse calma, pois nada aconteceria.

"Quando a mulher se aproximou e fêz pontaria para a onça, o compadre pulou para trás de uma coluna que havia na entrada, e pediu-me que fizesse o mesmo. Acreditava que uma daquelas balas poderia atingir-nos. Não foi só. Com tiro certeiro a onça foi abatida. O compadre, então, fêz nova investida em direção ao palco, pois pretendia adquirir um couro de onça.

"Com muito jeito, consegui retirá-lo para fora do cinema. Demonstrava êle aborrecimento por não ter podido ver a onça de perto. Assim seu constante admirador a) Manoel da Silva Mendes".


In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 2, 23 jan. 1970.