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domingo, 8 de março de 2015

CADERNO DE ANOTAÇÕES (198)

DE JOÃO DE BARRO, com data de 20-2-72: "Professor Tito Filho. Uma vez que o prezado mestre, bondosamente, tem demonstrado, por mais de uma oportunidade, que tem gostado dos meus artigos, ofertados pelo seu humilde amigo e admirador, junto a esta vão mais dois. Quero que o prezado mestre tome conhecimento do seguinte: uma das páginas do meu livro de anotações, onde constam os nomes dos brilhantes jornalistas que, dada a grandeza de seus corações, têm acolhido, para satisfação minha, os artigos que tenho escrito em forma de humorismo, foi, hoje, brilhantemente ornamentada com o nome honrado, respeitado e acatado de um cidadão que se chama José de Arimathéa Tito Filho. Professor, jornalista e advogado, podemos afirmar que é, sem favor, a honra e glória do nosso tão querido Piauí e, por que não dizer, do Brasil. Tito Filho, que é mais conhecido nesta capital do que feijão em casa de pobre, em bora com toda a sua invejável cultura, inteligência privilegiada - herança do seu digno pai - ótimo professor, jornalista e brilhante advogado, homem que, pela capacidade d trabalho, zelo e honestidade, honrado os cargos que tem exercido, é sem dúvida, um cidadão pobre. Enquanto o professor Tito Filho, com todo o seu cabedal de sabedoria, contínua pobre, trabalhando dia e noite, distribuindo grande parte do seu saber com os nossos jovens, quantas nulidades existem aqui, como em outros Estados, sem que nada façam em benefício de ninguém, a não ser enriquecerem. Como? Não sabemos. Em se tratando de professor, eu perguntaria, sem nenhum vestígio de bajulação, onde estão os milhões de cruzeiros, os terrenos expostos à venda para a construção dos Albertões e outras grandes obras, as casas para serem alugadas ao Estado por bom dinheiro, as fazendas de gado pertencentes aos Tito Filho, aos Cunha e Silva, aos Martins Vieira, aos Odilon Nunes, aos Lisandro e Edgar Tito, aos Antilhon Soares, aos Francisco César e tantos outros? Esses brilhantes mestres, que vêm lecionando há mais de trinta anos, de colégio em colégio, na conquista do pão d cada dia, transmitindo o seu saber, com honestidade e devoção, aos nossos jovens, têm hoje, quando muito, talvez, uma casa para morar. Daí a razão por que poucas são as pessoas que se dedicam, hoje em dia, à nobre e honrosa missão de ensinar. Quantos a quantos ex-alunos desses mestres estão, hoje, gozando de ótima situação financeira e exercendo altos cargos aqui e em outros Estados, vendo, com tristeza, que os seus antigos mestres ainda continuam tão pobres, como sempre".

OBSERVAÇÃO. Gratíssimo ao generoso amigo. Para que os professores do Piauí tivessem um pouco de tranquilidade financeira bastaria que ganhassem o que o dr. Lourival Parente está ganhando na reforma do Hotel Piauí. Sabe-se que o contrato respectivo é leonino. E a gente saber que o governo conta com muitos engenheiros ilustres nos quadros do funcionalismo estadual.   


TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, s/p mar. 1972.

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