DE JOÃO DE BARRO, com
data de 20-2-72: "Professor Tito
Filho. Uma vez que o prezado mestre, bondosamente, tem demonstrado, por mais de
uma oportunidade, que tem gostado dos meus artigos, ofertados pelo seu humilde
amigo e admirador, junto a esta vão mais dois. Quero que o prezado mestre tome
conhecimento do seguinte: uma das páginas do meu livro de anotações, onde
constam os nomes dos brilhantes jornalistas que, dada a grandeza de seus
corações, têm acolhido, para satisfação minha, os artigos que tenho escrito em
forma de humorismo, foi, hoje, brilhantemente ornamentada com o nome honrado,
respeitado e acatado de um cidadão que se chama José de Arimathéa Tito Filho.
Professor, jornalista e advogado, podemos afirmar que é, sem favor, a honra e
glória do nosso tão querido Piauí e, por que não dizer, do Brasil. Tito Filho,
que é mais conhecido nesta capital do que feijão em casa de pobre, em bora com
toda a sua invejável cultura, inteligência privilegiada - herança do seu digno
pai - ótimo professor, jornalista e brilhante advogado, homem que, pela
capacidade d trabalho, zelo e honestidade, honrado os cargos que tem exercido,
é sem dúvida, um cidadão pobre. Enquanto o professor Tito Filho, com todo o seu
cabedal de sabedoria, contínua pobre, trabalhando dia e noite, distribuindo
grande parte do seu saber com os nossos jovens, quantas nulidades existem aqui,
como em outros Estados, sem que nada façam em benefício de ninguém, a não ser
enriquecerem. Como? Não sabemos. Em se tratando de professor, eu perguntaria,
sem nenhum vestígio de bajulação, onde estão os milhões de cruzeiros, os
terrenos expostos à venda para a construção dos Albertões e outras grandes
obras, as casas para serem alugadas ao Estado por bom dinheiro, as fazendas de
gado pertencentes aos Tito Filho, aos Cunha e Silva, aos Martins Vieira, aos
Odilon Nunes, aos Lisandro e Edgar Tito, aos Antilhon Soares, aos Francisco
César e tantos outros? Esses brilhantes mestres, que vêm lecionando há mais de
trinta anos, de colégio em colégio, na conquista do pão d cada dia,
transmitindo o seu saber, com honestidade e devoção, aos nossos jovens, têm
hoje, quando muito, talvez, uma casa para morar. Daí a razão por que poucas são
as pessoas que se dedicam, hoje em dia, à nobre e honrosa missão de ensinar.
Quantos a quantos ex-alunos desses mestres estão, hoje, gozando de ótima
situação financeira e exercendo altos cargos aqui e em outros Estados, vendo,
com tristeza, que os seus antigos mestres ainda continuam tão pobres, como
sempre".
OBSERVAÇÃO.
Gratíssimo ao generoso amigo. Para que os professores do Piauí tivessem um
pouco de tranquilidade financeira bastaria que ganhassem o que o dr. Lourival
Parente está ganhando na reforma do Hotel Piauí. Sabe-se que o contrato
respectivo é leonino. E a gente saber que o governo conta com muitos
engenheiros ilustres nos quadros do funcionalismo estadual.
TITO FILHO, A.
Caderno de anotações. Jornal do Piauí,
Teresina, s/p mar. 1972.
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