DE MAREDA BOGADO:
"Niterói, outubro, 1971. Arimathéa.
quantas cartas agradáveis me fêz sem que eu pudesse abraçá-lo em agradecimento.
Saiba que me fizeram muito bem sentir... Se descabidas ficam por sua conta o
êrro e o ônus. Mando-lhe o fluminense José Cândido de Carvalho. Espero que seja
um prazer que você conheça O CORONEL E O LOBISOMEM. Há referências no texto ao
gado do Piauí. Acredita numa possível extensão do pastoreiro daí até nós? Por
Minas, talvez. Vale a pena verificar". Observação. Mareda Bogado é tipo inesquecível. Alegria contagiante.
Adoça as horas da vida de qualquer de nós. Parece tecida de bondade. Aqui
estêve em janeiro de 1971. Mensageira do Instituto Nacional do Livro para curso
de biblioteca. Conquistou discípulos. Fêz de cada coração teresinense uma
amizade. Dela recebi "O Coronel e o Lobisomem", obra-prima do romance
nacional escrita por José Cândido de Carvalho. História do coronel Ponciano de
Azevedo Furtado, contada pelo próprio Ponciano - que ingressa na galeria das
personagens do romance brasileiro como Vasco Moscoso de Aragão, de Jorge Amado,
isto é, na qualidade de tipo completo, bem desenhado, nítido, íntegro. Ponciano
pertence a uma aristocracia rural decadente. Sensível e simpático. Rábula
também. Vaidoso e honesto. Semelha herói quixotesco. Lutador contra as próprias
criações de sua imaginação prodigiosa. Livro sem defeitura, ricoso de novos
processos de derivação vocabular, como invencioneiro, cativoso, desbenefício,
pormenorizagem, trafegação, brincativo, tristento, desimportante, desconsentir,
recatosa, maridanca, mimosura, suspirento e tantos outros. No tovante à
pergunta de Mareda Bogado: creio que o gado do Piauí foi elemento de
comunicação com Minas, o Estado do Rio, com o Rio Grande do Sul. Há um livro
gaúcho - "O Boi das Aspas de Ouro" - em que os têrmos do pastoreio
muito se identificam com os dos vaqueiros do Piauí.
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DE FRANCISCO Alves de
Castro, Diretor Cultural da Associação Recreativa Cepisa, em ofício de outubro de
1971: "Professor. Estamos remetendo
a V. S. um número do nosso jornalzinho INFORMATIVO 70, que há mais de ano está
em circulação mensal, no nosso meio interno. O nosso objetivo é participar com
o leitor e torná-lo ciente do que participamos. É claro que desejamos, cada dia
que se passa, tornar-nos mais comunicativos, mas nos falta orientação. Diante
do exposto gostaríamos de ter a opinião de V. S. a respeito da utilidade do
INFORMATIVO e orientação para torná-lo melhor. Informamos-lhe que no mês próximo
passado foi eleita nova diretoria para os destinos da Associação Recreativa
Cepisa. E agora nos empenhamos numa campanha de doação de livros para a nossa
biblioteca, mas não sabemos, ainda, quais os órgãos que fornecem livros grátis.
Caso V. S. queira ajudar-nos, ficaremos muito agradecidos. E nesta
oportunidade, enviamos a V. S. votos sinceros por esta data de hoje dedicada
aos mestres". Bem redigida, bem orientada a publicação. Muito
apreciei. No momento em que tantos são fúteis e vivem de festocas e festanças,
inclusive o govêrno, conforta sentir que alguns são sérios e querem ser úteis à
educação. O "Informativo 70" merece aplausos. Assentaria eu que
melhor há de ficar com a experiência, com a divulgação de processos de
trabalho, com a estampação do que realiza a CEPISA em benefício da
coletividade. A verdadeira convivência está na realização de atividades sérias,
culturais. Esta a convivência da estima e do respeito. No Brasil existe uma
entidade que distribui livros: Instituto Nacional do Livro, Palácio da Cultura,
Estado da Guanabara. Dirige-o escritora talentosa, Maria Alice Barroso. De mim,
farei doação de algumas obras à Associação Recreativa Cepisa, com grande
prazer.
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DA GUANABARA, com
data de outubro de 1971: "A família
Taumaturgo de Azevedo cumprimenta-o e agradece-lhe em memória do Marechal
Gregório Taumaturgo de Azevedo".
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Dia 24 do corrente,
em carta do professor Benedito de Castro Lima, saiu, nesta coluna,
COMPRIMENTOS. O sentido da frase revela fàcilmente que se tratava de
CUMPRIMENTOS. Também escrevi BALZAC e se estampou BALZÃO. Que diabo!
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COM MUITO atraso,
registro o gesto aplaudido do Anexo Duque de Caxias, do Colégio Zacarias de
Góis, comemorativo do vigésimo sexto aniversário de criação da Organização das
Nações Unidas. Fiz palestra para os estudantes do educandário. Iniciativa do
Centro Cívico Escolar "Aurino Nunes". Parabéns a diretora Antônia
Siqueira Soares.
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Li "Os pastores
da Noite", de Jorge Amado. A malandragem noturna de Salvador. Amor nas
praias. Marafonas. Coronéis. Digo e redigo: Jorge Amado vale por "Terra do
sem fim", por "Os velhos marinheiros", por "ABC de Castro
Alves". O resto é repetição. Sim, quase me esqueço: vale por
"Capitães da Areia". O resto não tem conteúdo. "Terras do sem
fim" é portentoso documento da conquista da terra do cacau.
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Manual curioso
escreveu Cornel Lengyel: "Presidentes dos Estados Unidos". Traços
biográficos e principais atividades de cada um no exercício da primeira
magistratura.
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Para compreensão do
jornalismo moderno, torna-se obrigatória a leitura de "As novas dimensões
do jornalismo", de mestre Celso Kelly.
In: TITO FILHO, A.
Caderno de anotações. Jornal do Piauí,
Teresina, p. 3, 26 nov. 1971.
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