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quarta-feira, 23 de julho de 2014

CADERNO DE ANOTAÇÕES (151)



Recuperada a Escola Normal "Antonino Freire". E equipada. Prestamos obediência do princípio de que não se faz educação nos ambientes de sujidade, antipáticos à personalidade de educandos e educadores. Na reabertura das aulas, houve aposição dos retratos do ex-governador Clímaco e do ex-secretário de Educação na sala da diretoria. E palavras de agradecimentos de estudantes e mestres. Praticamos a aula inaugural, por convite do ilustrado professor Camilo Silveira. Dividimos a preleção em duas partes: a linguagem como fator de cultura, os deveres da juventude para com a língua portuguêsa; outra parte: o endeusamento atual do técnico de gabinete, o abandono da cultura humanística. O homem como escravo das pesquisas, dos interrogatórios, dos números. O confinamento da inteligência do homem. Por tôda parte, neste país, há toneladas de planos, que até agora não resolveram nenhum problema nacional. Eisenhower, num discurso de ampla repercussão, afirmou que a tecnologia estava embecilizando o americano. Verdade, aliás, que Érico Veríssimo revelou, em "Gato Prêto em Campo de Neve". Técnico é o médico, é o engenheiro, é o advogado, é o marceneiro - é cada um que conheça o seu ofício e o exerça com competência.

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Nesta coluna, ontem, saiu DIGUINIDADE, mas no original está DIGNIDADE. Faz vinte e cinco anos que lecionamos Português e não seria possível que assim, de modo tão grosseiro, ofendêssemos as normas da boa grafia.

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Do Secretário Executivo do Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), Felipe Spotorno, recebemos: "O êxito do MOBRAL nesse Estado deve-se ao apoio dado por V. S. e ao esfôrço decisivo para que o trabalho fôsse desenvolvido com tôdas as garantias de eficiência. Na oportunidade em que V. S. deixa a função que exerceu com tanto êxito expressamos nossos sinceros agradecimentos pelo apoio emprestado ao Movimento Brasileiro de Alfabetização ao mesmo tempo em que esperamos contar com a sua participação em qualquer outra função que venha a desempenhar". Traz o jornal "O Dia", de ontem, esta notícia: empossados seis secretários, mas apenas três se investirão no cargo, pois os demais aguardarão que sejam postos à disposição do Estado. Achamos que o jornal deve ter-se enganado. Se estão empossados, claro é que foram postos à disposição do govêrno. Do contrário não seria cabível a posse.


In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 2, 19 mar. 1971.

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