APRECIAÇÃO - eis como o jornalista e mestre
Cunha e Silva apreciou o livro de Judith Santana:
Presente
Valioso
Pelas
mãos de A. Tito Filho recebi um presente valioso da poetisa piauiense Judith
Santana - o seu livro de versos com o título sugestionante de SALMOS DO MEU
DESTINO. Agradeço, sensibilizado, à autora a oferta do livro. Li-o logo com a
máxima atenção e ao mesmo tempo, sentindo o prazer espiritual com a leitura de
tôdas as produções nêle enfaixadas.
Tôdas
as poesias de Casimiro de Abreu me agradam. O único livro dêle,
"Primaveras", li-o mais de uma vez. Assim, farei também com o livro
de Judith Santana, pois gostei de tôdas as suas poesias, tôdas simples, sem
palavreados difíceis, sem arroubos de imaginação, no estilo condoreiro, como as
de Castro Alves; sem divagações filosóficas, sem têrmos científicos, inspiradas
em sentimentos puros, com uma sensibilidade suave, serena, "como cantora
da alma, das flôres, do amor às cousas e às pessoas, da súplica à grandeza de
Deus - uniu o belo ao divino" segundo se expressou encantadoramente A.
Tito Filho no seu pequeno e grande prefácio. Pequeno pela extensão, mas grande
pelo conteúdo pontilhado de conceitos belos, pela substância de pensamento
extravasado em linguagem verdadeiramente poética na apreciação judiciosa que
fêz sôbre as poesias cantantes de Judith Santana.
A.
Tito Filho faz, por vêzes, poesia na prosa, como o fizeram Coelho Neto e outros
prosadores brasileiros em páginas fulgurantes.
A
poetisa Judith Santana é merecedora, realmente, de elogios e estímulos, fazendo
jus a um lugar de honra na galeria das maiores poetisas piauienses. São Meus
votos que ela prossiga a cultivar as musas, pois louros maiores conquistará
ainda com a publicação de novos livros de versos, estou mais do que certo. Fontes
de inspiração como a sua não pode estancar-se e deve, ao contrário, brotar dela
novos veios de poesia límpida, sem amargura e desespêro quando canta algo de
leve sôbre o amor, como são as poesias amenas, melodiosas da talentosa poetisa
de Piripiri. Os versos dela são admiráveis pela candura e ricos de
espiritualidade e de meiguice, como os sentiu tão bem Tito Filho - a maior
cerebração do Piauí. Versos que traduzem a paixão da autora pela paisagem em
que viveu na meninice e na adolescência, ao lado dos mais queridos. Versos que
se inspiram num mundo de evocações sentimentais, pintando quadros da natureza e
estados d’alma só com os recursos da imaginação, fiel aos sentimentos do seu
coração tão terno como a sua poesia. O romantismo da sua poesia nada tem de
afetado. Foge dos idílios piegas, das futilidades dos namoricos de esquina. São
versos espirituais, como bem disse o ilustrado professor Renato Alencar. Por
tôdas as facetas em que se analise a poesia de Judith Santana, que, além de
poetisa excelente, é também excelente educadora, não há quem não experimente
sensação e agrado ao lê-la e apreciá-la. Parabéns a ela pela publicação de seu
lindo livro de versos. Versos de grande simplicidade, mas enriquecedores de
encanto e beleza. Versos que a gente lê com o sorriso nos lábios e com ternura
no coração. Versos brotados da alma cândida de uma mulher piauiense culta e
inteligente, de fina sensibilidade artística, profundamente apaixonada por tudo
o que é belo e doce na vida, por tudo o que é enternecedor no recesso sagrado
do lar, no aconchego amoroso dos pais, que ela tanto enobrece com os fulgores
do seu espírito privilegiado e com as gemas preciosas de sua personalidade de
escol.
In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 2, 27 maio
1970.
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