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quarta-feira, 14 de maio de 2014

CADERNO DE ANOTAÇÕES (95)



APRECIAÇÃO - eis como o jornalista e mestre Cunha e Silva apreciou o livro de Judith Santana:

Presente Valioso

Pelas mãos de A. Tito Filho recebi um presente valioso da poetisa piauiense Judith Santana - o seu livro de versos com o título sugestionante de SALMOS DO MEU DESTINO. Agradeço, sensibilizado, à autora a oferta do livro. Li-o logo com a máxima atenção e ao mesmo tempo, sentindo o prazer espiritual com a leitura de tôdas as produções nêle enfaixadas.

Tôdas as poesias de Casimiro de Abreu me agradam. O único livro dêle, "Primaveras", li-o mais de uma vez. Assim, farei também com o livro de Judith Santana, pois gostei de tôdas as suas poesias, tôdas simples, sem palavreados difíceis, sem arroubos de imaginação, no estilo condoreiro, como as de Castro Alves; sem divagações filosóficas, sem têrmos científicos, inspiradas em sentimentos puros, com uma sensibilidade suave, serena, "como cantora da alma, das flôres, do amor às cousas e às pessoas, da súplica à grandeza de Deus - uniu o belo ao divino" segundo se expressou encantadoramente A. Tito Filho no seu pequeno e grande prefácio. Pequeno pela extensão, mas grande pelo conteúdo pontilhado de conceitos belos, pela substância de pensamento extravasado em linguagem verdadeiramente poética na apreciação judiciosa que fêz sôbre as poesias cantantes de Judith Santana.

A. Tito Filho faz, por vêzes, poesia na prosa, como o fizeram Coelho Neto e outros prosadores brasileiros em páginas fulgurantes.

A poetisa Judith Santana é merecedora, realmente, de elogios e estímulos, fazendo jus a um lugar de honra na galeria das maiores poetisas piauienses. São Meus votos que ela prossiga a cultivar as musas, pois louros maiores conquistará ainda com a publicação de novos livros de versos, estou mais do que certo. Fontes de inspiração como a sua não pode estancar-se e deve, ao contrário, brotar dela novos veios de poesia límpida, sem amargura e desespêro quando canta algo de leve sôbre o amor, como são as poesias amenas, melodiosas da talentosa poetisa de Piripiri. Os versos dela são admiráveis pela candura e ricos de espiritualidade e de meiguice, como os sentiu tão bem Tito Filho - a maior cerebração do Piauí. Versos que traduzem a paixão da autora pela paisagem em que viveu na meninice e na adolescência, ao lado dos mais queridos. Versos que se inspiram num mundo de evocações sentimentais, pintando quadros da natureza e estados d’alma só com os recursos da imaginação, fiel aos sentimentos do seu coração tão terno como a sua poesia. O romantismo da sua poesia nada tem de afetado. Foge dos idílios piegas, das futilidades dos namoricos de esquina. São versos espirituais, como bem disse o ilustrado professor Renato Alencar. Por tôdas as facetas em que se analise a poesia de Judith Santana, que, além de poetisa excelente, é também excelente educadora, não há quem não experimente sensação e agrado ao lê-la e apreciá-la. Parabéns a ela pela publicação de seu lindo livro de versos. Versos de grande simplicidade, mas enriquecedores de encanto e beleza. Versos que a gente lê com o sorriso nos lábios e com ternura no coração. Versos brotados da alma cândida de uma mulher piauiense culta e inteligente, de fina sensibilidade artística, profundamente apaixonada por tudo o que é belo e doce na vida, por tudo o que é enternecedor no recesso sagrado do lar, no aconchego amoroso dos pais, que ela tanto enobrece com os fulgores do seu espírito privilegiado e com as gemas preciosas de sua personalidade de escol.


In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 2, 27 maio 1970.

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