DIVÓRCIO - Para
orientação de José Marques de Oliveira, afirmei que no meu modo de
entendimento, apenas três países não adotam o divórcio: Itália, Paraguai e
Brasil. Acrescentei que a Câmara dos Deputados da Itália havia aprovado, faz
pouco tempo, projeto de instituição do processo divorcista. O projeto, porém,
ainda será examinado pelo Senado. Também admiti que outros países poderiam encontrar-se como repudiadores do
divórcio, embora eu os ignorasse. A respeito do assunto, recebi carta
esclarecedora dessa inteligência jovem e preocupada com o estudo, poeta de rica
inspiração, que é João Bosco da Silva, com data de 8.1.1970.: "Prof. Tito Filho. Com referência a uma
pergunta sôbre os países do mundo em que não se adota o divórcio, quero
prestar-lhe uma informação inserida na página 11, tópico 2º, da coletânea
"Os Anos 60", publicação da Editôra Abril, que diz serem seis êsses
países, a saber: Brasil, Itália, Espanha, Colômbia, Argentina, Chile e uma
província do Canadá chamada Terra Nova. Não sei se tal assertiva é fidedigna.
Quero, porém, salientar que meu gesto não tem outro sentido senão o de buscar
uma fonte segura de conhecimento, como é o seu caso, e em quem confio muito
mais do que nesses repórteres e redatores, não digo despreparados, mas muitas
vêzes descuidados daquilo que assentam no papel".
Observação.
De feito, há muitos redatores descuidados. No Arquivo Público do Piauí, por
exemplo, há uma enciclopédia, dita moderna, em cinco volumes, parece que BARSA,
ou cousa assim, em que vários municípios do Maranhão figuram como pertencentes
ao Piauí. No caso do divórcio, a Editôra Abril acertou e errou. E de minha
parte houve cochilo. Cochilo, entretanto, antecipadamente justificado, pois
salientei que DO MEU CONHECIMENTO apenas três países não consentiam no
divórcio. Agora a correção. O divórcio na Espanha foi revogado pelo general
Franco, ditador espanhol. Revogação interessante: os casados antes da nova lei
poderiam divorciar-se. A Editôra Abril não citou o Paraguai, onde não existe o
divórcio, e incluiu a Argentina, onde o divórcio foi decretado por Perón.
Quanto ao Chile e à Colômbia, ambos já adotaram o divórcio, segundo leio em Guy
Inman, ao tempo das lutas contra a Igreja. Não sei se as instituições foram
posteriormente revogadas. No caso da Terra Nova: não se trata de país, mas de
província canadense, que só aderiu ao Canadá em 1949. Pode ser que a adesão se
desse com a exigência de manutenção dos seus costumes sociais e jurídicos. Sou
grato a João Boseo pela colaboração esclarecedora.
AS NOTAS - 1) Meus
agradecimentos À Fundação Getúlio (Luís Simões Lopes) pela mensagem natalina e
pelo convite para as solenidades de seus 25 anos de criação (19.12.1969). 2)
Para orientação de Edelweiss: existe, no Brasil, apenas um município com o nome
Pedro II, justamente o que fica no Piauí. 3) Em visita a Teresina e União o dr.
José Virgílio Castelo Branco Rocha, sociólogo e magistrado de alto conceito no
Paraná de nossos dias.
In: TITO FILHO, A.
Caderno de anotações. Jornal do Piauí,
Teresina, p. 2, 20 jan. 1970.
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