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segunda-feira, 23 de junho de 2014

CADERNO DE ANOTAÇÕES (117)

ENTREVISTA - Leio, com interêsse, o pronunciamento do deputado Sousa Santos, produzido na Associação Comercial do Rio de Janeiro, a respeito da entrevista leal, séria e oportuna, que o Presidente Médici concedeu a jornalistas brasileiros. As respostas às quinze perguntas dos profissionais - disse Sousa Santos - revelaram as qualidades do estadista, dotado da mais ampla visão dos problemas nacionais.

Eis a parte mais palpitante do estudo de Sousa Santos:

"Assim, embora elogiando a coragem e a franqueza do Presidente da República ao declarar a necessidade de manter o AI-5, declaração perfeitamente justificável em face das ameaças que ainda pesam sôbre o nosso país, desejo acrescentar que também nós, desta Associação Comercial, assim como manifestações da Câmara e do Senado da República, das Universidades, da Imprensa, do Clero, dos Sindicatos, das Letras e Artes, todos tivemos decisiva participação nesse épico revolucionário que derrotou aventureiros e extremistas. O Presidente Médici foi o intérprete dessa massa brasileira que repudiou, hoje como ontem, ideologias incompatíveis com a nossa formação e filosofia. É essa, felizmente, a nossa vocação. Cada dia que passa mais aumenta a nossa confiança no país, onde nascemos, e que respeitamos acima de tudo. A nossa crença inabalável jamais será quebrada, a despeito da insânia de certos grupos, teimosamente lutando contra os nossos sentimentos e tradições. Mal sabem êles que essas raízes são inextirpáveis e que possuem vitalidade e fôrça para resistir à manifestação e à violência. Pacifistas por índole, também sabemos recorrer à fôrça quando é necessário preservar a nossa independência e unidade. Os que duvidam disso são, sobretudo, ignorantes da história. Jamais deixamos, sem uma altiva resposta, que fôrças estranhas ao nosso país solapassem o seu destino. Assim, crescemos, assim cresceram as nossas Fôrças Armadas, gloriosas sentinelas da nossa emancipação. Por isso, quando o Presidente Médici, respondendo a jornalistas, fala à Nação, não posso reprimir um desejo, incoercível de aplaudi-lo, tão convencido estou de que, pela sua voz, falou a esmagadora maioria do povo que levou o país a rebelar-se contra a mesquinha minoria que tentou destruí-los".

AS NOTAS - 1) De Félix Aires, com data de 16.3.70: "Tito Filho. Minha mulher pensou em mandar uma figa, dessas que se usam, para Scarlettizinha, mas eu disse logo: a mãe é protestante e o pai frequenta tudo quanto é culto. Todavia, os dois são admiravelmente distintos e bons para perdoar a falta de presente. Seguem, porém, êstes versos: "Para Scarlet O'Hara / O mimo, o encantado enrêdo. / peço uma estrêla mais rara, do céu, para seu brinquedo..." / 2) Altevir Alencar está de muda para a Guanabara. Segue no próximo mês de julho. Antes virá ao Piauí, para visitar a família e os amigos. Nova paisagem de trabalho do celebrado poeta piauiense: Biblioteca do Exército Editôra. E mais um livro de Altevir (ALGUMA POESIA) em fase final de confecção. Sairá nestes vinte dias. 3) Carlos Augusto, já restabelecido, voltando às atividades normais do jornalismo o que traduz confôrto espiritual para os amigos e trabalho evidente em favor da coletividade. 4) A União dos Moços Católicos (Avenida José dos Santos e Silva) empossou a sua nova diretoria, num dêstes últimos domingos. Grato à gentileza do convite para a solenidade. 5) De Salvador Rebouças, de Fortaleza, com data de 23.3.70: "Nas estrelinhas de uma notícia do jornal "O Povo", li que a escolha de desembargador no Piauí obedece ao critério político. Ainda estou com Guerra Junqueiro: os piores bandidos não estão nas prisões, estão na política. O meu colega Silva Pinto já diz que política suja é pleonasmo, e parece ter razão. O outro submundo brasileiro é o do futebol, tão nojento e podre que transcende nauseabundos”. 6) Grato a Clímaco de Almeida pela gentileza de convite para a instalação dos trabalhos da Assembléia Legislativa, dia 31 de março passado.
   


In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 2, 16 abr. 1970.

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