ENTREVISTA - Leio, com interêsse, o
pronunciamento do deputado Sousa Santos, produzido na Associação Comercial do
Rio de Janeiro, a respeito da entrevista leal, séria e oportuna, que o
Presidente Médici concedeu a jornalistas brasileiros. As respostas às quinze
perguntas dos profissionais - disse Sousa Santos - revelaram as qualidades do
estadista, dotado da mais ampla visão dos problemas nacionais.
Eis a parte mais palpitante do estudo de
Sousa Santos:
"Assim,
embora elogiando a coragem e a franqueza do Presidente da República ao declarar
a necessidade de manter o AI-5, declaração perfeitamente justificável em face
das ameaças que ainda pesam sôbre o nosso país, desejo acrescentar que também
nós, desta Associação Comercial, assim como manifestações da Câmara e do Senado
da República, das Universidades, da Imprensa, do Clero, dos Sindicatos, das
Letras e Artes, todos tivemos decisiva participação nesse épico revolucionário
que derrotou aventureiros e extremistas. O Presidente Médici foi o intérprete
dessa massa brasileira que repudiou, hoje como ontem, ideologias incompatíveis
com a nossa formação e filosofia. É essa, felizmente, a nossa vocação. Cada dia
que passa mais aumenta a nossa confiança no país, onde nascemos, e que
respeitamos acima de tudo. A nossa crença inabalável jamais será quebrada, a
despeito da insânia de certos grupos, teimosamente lutando contra os nossos
sentimentos e tradições. Mal sabem êles que essas raízes são inextirpáveis e
que possuem vitalidade e fôrça para resistir à manifestação e à violência.
Pacifistas por índole, também sabemos recorrer à fôrça quando é necessário
preservar a nossa independência e unidade. Os que duvidam disso são, sobretudo,
ignorantes da história. Jamais deixamos, sem uma altiva resposta, que fôrças
estranhas ao nosso país solapassem o seu destino. Assim, crescemos, assim
cresceram as nossas Fôrças Armadas, gloriosas sentinelas da nossa emancipação.
Por isso, quando o Presidente Médici, respondendo a jornalistas, fala à Nação,
não posso reprimir um desejo, incoercível de aplaudi-lo, tão convencido estou
de que, pela sua voz, falou a esmagadora maioria do povo que levou o país a
rebelar-se contra a mesquinha minoria que tentou destruí-los".
AS NOTAS - 1) De Félix Aires, com data de
16.3.70: "Tito Filho. Minha mulher
pensou em mandar uma figa, dessas que se usam, para Scarlettizinha, mas eu
disse logo: a mãe é protestante e o pai frequenta tudo quanto é culto. Todavia,
os dois são admiravelmente distintos e bons para perdoar a falta de presente.
Seguem, porém, êstes versos: "Para Scarlet O'Hara / O mimo, o encantado
enrêdo. / peço uma estrêla mais rara, do céu, para seu brinquedo..." /
2) Altevir Alencar está de muda para a Guanabara. Segue no próximo mês de
julho. Antes virá ao Piauí, para visitar a família e os amigos. Nova paisagem
de trabalho do celebrado poeta piauiense: Biblioteca do Exército Editôra. E
mais um livro de Altevir (ALGUMA POESIA) em fase final de confecção. Sairá
nestes vinte dias. 3) Carlos Augusto, já restabelecido, voltando às atividades normais
do jornalismo o que traduz confôrto espiritual para os amigos e trabalho
evidente em favor da coletividade. 4) A União dos Moços Católicos (Avenida José
dos Santos e Silva) empossou a sua nova diretoria, num dêstes últimos domingos.
Grato à gentileza do convite para a solenidade. 5) De Salvador Rebouças, de
Fortaleza, com data de 23.3.70: "Nas
estrelinhas de uma notícia do jornal "O Povo", li que a escolha de
desembargador no Piauí obedece ao critério político. Ainda estou com Guerra
Junqueiro: os piores bandidos não estão nas prisões, estão na política. O meu
colega Silva Pinto já diz que política suja é pleonasmo, e parece ter razão. O
outro submundo brasileiro é o do futebol, tão nojento e podre que transcende
nauseabundos”. 6) Grato a Clímaco de Almeida pela gentileza de convite para
a instalação dos trabalhos da Assembléia Legislativa, dia 31 de março passado.
In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 2, 16 abr.
1970.
Nenhum comentário:
Postar um comentário