DA CORRESPONDÊNCIA -
De Jackson Moreira, com data de 16.1.70: "Caro Ari. Comentei, dias atrás,
no meu programa "A Cidade Nua", procurando mais uma vez ajudar a
comunidade teresinense, o caso dos namoros escandalosos em plenas praças públicas,
aqui em Teresina. Salientei que os pais têm uma grande parcela de
responsabilidade na prática dessa licenciosidade de costumes por parte dos
filhos.
"Recebo, agora, meu prezado amigo, recorte de
um comentário sôbre o assunto, escrito pelo jornalista Sebastião Negreiros,
publicado no jornal "O Dia", sob o título "Licenciosidade de
Costumes". O nosso amigo Negreiros, endossando algumas considerações por
mim emitidas, procura no entanto discordar de minha opinião no tocante à
responsabilidade dos pais.
"O problema é, sem dúvida, complexo. Daí
dirigir ao distinto professor e jornalista, homem de profundos conhecimentos
humanos e sociais êste bilhete, solicitando que faça em tôrno da questão mais
um de seus abalizados comentários. Não importa que a razão esteja comigo ou com
o Negreiros. Importa, sim, que todos nós possamos contribuir, com algo nosso,
em benefício desta mocidade, que procura, ávida, a porta do horizonte e que,
não a encontrando, perde a cabeça e passa a cometer, afoitamente, erros cujas
conseqüências dificilmente poderá suplantar.
"Assim sendo, nas mãos do querido amigo e
mestre coloco o problema "Licenciosidade de Costumes", esperando a
sua palavra sôbre esta sensível questão.
Observação.
A intensa publicidade de erotismo, pela televisão, pela revista, por cartazes -
eis um dos fatôres dessa licenciosidade. A exaltação do sexo (concurso de
misses, com finalidade lucrativa) também é outra causa, e das principais. O
relaxamento dos freios morais da família coloca-se em primeiro plano. E mais o
cinema de ângulos sexuais, o teatro explorador de temas sexuais, a moda. Ao
cabo de contas, está na família, que consente nesses males todos, a
responsabilidade maior pela queda do pudor neste atribulado século XX, salvo
melhor juízo.
AS NOTAS - 1) Para
orientação de José Marques de Oliveira, que me fêz esta pergunta: "Como se chama o cientista que isolou o vírus
do câncer?" Resposta: a revista "Veja" escreve que Donald
Morton e Frederick Edber, pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer nos
Estados Unidos, anunciaram em Paris ter conseguido isso pela primeira vez um
vírus causador do sarcoma em sêres humanos. O sarcoma - diz a revista - é o
câncer dos tecidos mais profundos do corpo. Acrescenta essa conhecida publicação
que são conhecidos mais de trinta tipos de câncer. De seu lado, a revista
"O Cruzeiro", edição de 6.1.70, apresenta a fotografia de três
cientistas norte-americanos como os que isolaram o vírus do câncer: Richard
Malmoren, Donald Morton e Kenneth Cook. 2) Simplício Mendes ofereceu almôço ao
poeta Félix Aires, com a participação de Fontes Ibiapina e Tito Filho. Também o
prof. Raimundo Santana almoçou, no aeroporto, com o autor de "Antologia de Sonetos Piauienses".
3) J. Miguel de Matos foi a São Luís, por convite do proprietário do Palace
Hotel. Objetivo: lançamento, na capital maranhense, de "Pisando os Meus
Caminhos". 4) Ontem, nesta coluna, saiu: "Acórdãos de quem foi
relator"..." Mas escrevi: "Acórdãos de que foi relator...".
5) A construção "Teresa Cristina", rua Riachuelo, está prejudicando o
escoamento das águas nas ruas São João e Olavo Bilac. Registro o fato, a pedido
dos moradores interessados, para providências do prefeito José Raimundo. 6)
Encerradas as inscrições para preenchimento da vaga do desembargador Robert
Carvalino no Tribunal de Justiça. Sete candidatos: Djalma Veloso, Wilson
Brandão, Aluísio Ribeiro, Omar Rocha, Celso Barros, Humberto Coelho e Tito
Filho.
In: TITO FILHO, A.
Caderno de anotações. Jornal do Piauí,
Teresina, p. 2, 27 jan. 1970.
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