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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

CADERNO DE ANOTAÇÕES (40)

FUTEBOL - Sempre o Brasil compareceu nos campeonatos mundiais de futebol dono de grande favoritismo. Assim em 1930, mas os campeões foram os uruguaios. Assim em 1938, a Itália, na última partida, bateu os nossos. Veio a guerra e com esta a suspensão do mundial de futebol, ressurgido em 1950. Desta vez os jogos se realizariam dentro de casa, e o encontro final com o Uruguai ainda ninguém esqueceu, na imensa praça do Maracanã. Venciam os brasileiros de um a zero. Os da banda oriental contavam com um dos maiores ases do futebol de todos os tempos, o alto, sério e impecável Obdúlio Varela. O grande campeão dobrou energias e terminou por martirizar um povo, com o acochado dois a um que fêz do Uruguai, pela segunda vez, vencedor da taça Rimet Ano de 1954. Baqueiam os brasileiros frente ao poderia da organização húngara. O próximo campeonato vibraria de comoção a gente nacional. Paisagem, a Suécia. Belini levantou, glorioso, a taça ambicionada. Mais quatro anos passados, os jogadores brasileiros conquistavam, no Chile, o magnífico troféu. E veio o ano de 1966. Os brasileiros não foram à Inglaterra disputar a taça, foram buscá-la. Não houve ânimo de disputa. Houve a certeza de que a taça pertencia ao Brasil. Disto decorreu a corrida clubística, a política das amizades e dos apadrinhamentos na escolha de jogadores. Cada Estado queria contribuir pelo menos com um dos seus ídolos. Convocaram-se quarenta e cinco profissionais. Cercou-se Pelé de exagerada fama por ocasião de sua lua-de-mel. E o resultado foi a anulação do famoso jogador, que nada conseguiu fazer por virtude de cerrada marcação. Garrincha estava física e psicologicamente comprometido com problemas íntimos e excessos amorosos. E mais do que tudo: exagerado otimismo - o otimismo que já está prejudicando o Brasil para campeonato dêste ano de 1970, no México. Jôgo não se ganha por antecipação. No instante que passa, há excessos de glória, propaganda desmedida e até música endeusadora de heróis. Excesso de otimismo não leva a bom caminho. Que não se desfaça o sonho de 1970, como o de 1966, por pecados que até os leigos enxergam.

AS NOTAS

1) Grato às mensagens natalinas que me mandaram, bondosamente, a professora Francisca Ferreira, o casal de jornalistas Maranhão Silva e Iracema Silva, o confrade Luís Alves de Sousa, mestre Cunha e Silva e Antônio Augusto Ramos.

2) Festa das mais bonitas e concorridas; a recepção do casal Baião Azevedo - agradecida a sociedade teresinense, testemunhadora das alegrias pela formatura dos filhos Baião Filho e Luís Carlos. Grato ao convite.

3) Para orientação de Luiz Gonzaga dos Santos Rêgo: Lógica, em grego, é discurso, raciocínio. Pode dizer-se que é a ciência da arte de pensar. Finalidade: aplicar corretamente as operações do pensamento à pesquisa e à demonstração da verdade. Três são as operações fundamentais do pensamento: idéia, juízo e raciocínio.

4) Ofereceu-me a CEPISA a publicação de suas atividades no ano que passou. Manual revelador de esforço e de trabalho do presidente e servidores da entidade. Grato.

5) Presente enriquecedor de bibliotecas o que me mandou Salvador Rebouças, de Fortaleza: "Manual de Revisão", de Faria Guilherme.

6) Em dezembro, faleceu Melquíades Rodrigues da Silva, funcionário, durante trinta anos, do velho Liceu Piauiense. Grata recordação de minha adolescência, como aluno de educandário. Honesto, humano, amigo, exemplar firmeza no exercício das funções.


A. Tito Filho, 06/01/1970, Jornal do Piauí

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