CANÇÃO DO CRIADOR DE ESPERANÇA
Vasques Filho
Sertanejo piauiense,
Teu grito não foi em vão
No teu labor permanente
Por tua sobrevivência
Neste solo adusto e ardente,
Que plantavas com paciência
Geração pós geração,
Tentando fazer riqueza
Onde tudo era pobreza,
Abandono e solidão!
Sertanejo piauiense,
Teu grito não foi em vão,
Quando cuidavas do amanho
Das terras do teu sertão,
Dessas caatingas bravias
Por onde, forte, trazias
Teu valor e teu rabalho.
Sertanejo piauiense,
Teu grito não foi em vão
Quando te viste isolado,
Maltratado e abandonado,
Do progresso da região,
Que chegaste a ser chamado
Até de o mais pobre irmão.
Sertanejo piauiense,
Teu grito não foi em vão,
Que o teu labor permanente
De lutador paciente
Traz agora a redenção.
Não mais a extrema pobreza
Á margem do velho monge;
Não mais as balsas vogando,
Nas águas turvas rolando,
Cantando endechas ao luar,
Num tempo não muito longe.
Não mais a torrente mansa
Que te dava apenas peixes
E cana de açúcar em feixes,
Pastagens para criar.
A torrente que ora avança
Vai tirar aquela imagem
Que vias sem variar,
No verde da clorofila
Refletida na passagem
Da linfa turva e tranquila,
Torrente buscando o mar.
Não é mais o Parnaíba
Um velho monge a passar
De barbas brancas ao fio
Que teu hino vai lembrar.
Venha o inverno ou venha o estio,
Rio abaixo ou rio arriba
Certamente irás cantar
Tua riqueza alcançada
Nas fábricas, nas usinas,
Nos lares, nas oficinas,
Um futuro de progresso,
Porque nêle tens ingresso
Pela torrente que avança,
Modificando a paisagem
Pela força da barragem
Que te traz BOA ESPERANÇA!
Observação - Vasques Filho, que concebeu tanta beleza, é o grande poeta piauiense residente em Fortaleza.
A. Tito Filho, 23/12/1970, Jornal do Piauí
Nenhum comentário:
Postar um comentário