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quarta-feira, 13 de julho de 2011

CADERNO DE ANOTAÇÕES (39)

UMA CARTA - A inteligência de Fabrício de Areia Leão mandou esta carta a Altevir Alencar: "Ainda doente e bastante debilitado, somente hoje tive ânimo e energia para responder ao bom amigo, agradecendo-lhe a remessa do seu encantador livro de versos ‘Dentro de mim’. Já era de esperar que o fizesse, pois que reconheci muito antecipadamente que você é um eleito das musas eternas, dotado de uma poderosa fôrça de expressão verbal. Gostei intensamente da musicalidade e eufonia de suas estrofes. A taxionomia das palavras em poesia é um tanto prosaica e atravessada. Mas com você se verifica o contrário dos maiores aedos. Nessa marcha você chegará ao cimo absoluto: Academia Brasileira de Letras. Digo isto porque conheço parte da história da literatura francesa. E dizendo-lhe isto não preciso de delongas.

Estou certo de que o velho Alfeu deve estar ufano com as vitórias constantes do filho ilustre nas letras do país. Se eu soubesse analisar poesia erudita, aceitaria com prazer a incumbência de escrever sôbre a sua arte poética. Faltam-me no entanto as qualidades essenciais ao critico literário requintado. Creia-me, você é o maior poeta de sua geração. Não sei de exemplo igual, a não ser com referencia aos grandes gênios das letras, das artes plásticas e da música. Aguardo sua vinda com ansiedade, para conversarmos sôbre o assunto notadamente quanto à versão de seus livros para o espanhol. Assim você seria conhecido nas Américas, merecidamente. Afirmo-lhe que nem Bilac é conhecido no estrangeiro. O nosso idioma continua sendo uma pedra sôbre as nossas produções mais ilustres pelo talento e pelo poder criador; aquêle 'frisson' de que falava Hugo referindo-se a Baudelaire".


A. Tito Filho,30/06/1970, Jornal O Dia

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