DE LUIS Pereira da Silva: "Na história das línguas românicas fala-se
muito na palavra LÁCIO. Eu lhe pergunto: é uma região, estado ou cidade e que
papel tão importante exerceu na criação de nosso português? Por quê?” RESPOSTA. Lácio era um território muito
limitado da margem esquerda do rio Fibre. Dialeto falado pelos habitantes: o
latim. Nesse território, onde se elevam as sete colinas, foi fundada Roma.
Pouco a pouco, de conquista em conquista, Roma estende o seu domínio por grande
parte do mundo conhecido. E o latim torna-se a língua universal do célebre
Império Romano. A extraordinária expansão romana levou o latim a muitas áreas,
nas quais os povos dominados deturpavam a fala romana (latim vulgar) e disso
resultou a transformação do latim em outras falas usuais, conhecidas como
línguas romanicas (português, inclusive).
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MURILO Resende, para justificar o Albertão
(quinhentos mil contos por um terreno na Tabuleta) afirmou a Lopes dos Santos
que Teresina terá, em 1980, mais de quinhentos mil habitantes. Murilo,
certamente, vai proibir o uso da pílula e mandar buscar magotes de indianos,
que residirão nos pombais do Parque Piauí. Sabe Murilo que a taxa de
crescimento demográfico no Brasil foi de três por cento entre 1950 e 1960,
quando não se fazia uso da pílula. Murilo acha que população grande corresponde a progresso. Nunca dos nuncas. Eis
pedaços do ensinamento de Simonsen: "A
explosão demográfica pode ser desejada por um Govêrno cuja principal
preocupação não seja a de melhorar os padrões de vida do povo, mas a de
fortalecer os quadros da sua infantaria". E mais: “Entretanto a aritmética muda, quando no
voltamos para as nações subdesenvolvidas, essencialmente preocupadas em
melhorar sua renda per capita, mas freadas pelo pêso da explosão demográfica".
Mais ainda: "Quatro razões explicam
porque o crescimento demográfico acelerado contribui negativamente para o
aumento da renda per capita: o efeito aritmético, o efeito infra-estrutura
social, o efeito pirâmide-etária e o efeito emprêgo". Caso Murilo
queira, passe aqui pela redação (de tarde) para uns dedos-de-prosa a respeito
dessas razões. Veja logo o efeito
pirâmide: "Um crescimento
demográfico muito rápido modifica a composição da população por idades,
tornando percentualmente muito elevada a faixa das crianças e jovens aquém da
idade de trabalho. O censo de 1960 revelou que quarenta e dois por cento da
população brasileira da época não chegava aos quinze anos".
Há imperiosa necessidade de uma política
populacional. O próprio Papa aceitou a planificação familiar pelo método
Ogino-Knaus. E o que mais se vende hoje, no mundo, é pílula anticoncepcional.
Murilo deseja o dôbro de gente em Teresina
para 1980. Volta-se, assim, contra o Programa Estratégico de Desenvolvimento,
elaborado pelo Ministro do Planejamento - "um grande passa para definir a política demográfica brasileira, levando
em consideração a situação atualmente existente e as perspectivas do
crescimento populacional".
Leia-se Rubens Vaz da Costa: "Embora as proposições ainda sejam bastante
cautelosas, face aos graves problemas de crescimento da população, essa
iniciativa do Govêrno Federal - que pela primeira vez traça uma política
demográfica RESTRITIVA - é bem vinda, e de há muito já deveria ter sido tomada".
Simonsen arremata: "De fato, qualquer
política de contrôle populacional tem que partir do postulado básico do respeito
às liberdades individuais. Cada família deve ter o direito de escolher
livremente a dimensão que desejar. Êsse direito, todavia, só se poderá exercer
na sua plenitude quando a população tiver acesso a tôdas as opções, uma das
quais é a do uso dos anticoncepcionais modernos".
Em verdade, Murilo tem razão: é preciso parir
muito menino para lotar o Albertão no ano da graça de mil novecentos e oitenta.
O Albertão vai enricar alguns e empobrecer um povo. Já enricou um deputado
(quinhentos mil contos-terreno) e uma firma de Belo Horizonte, que abiscoitou
seiscentos e quarenta mil contos pelo projeto do referido.
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KARLA pergunta: "Que caracteriza um porto organizado, seja marítimo ou fluvial?”
RESPOSTA. Pôrto, ensinam as enciclopédias, é abrigo (costeiro ou fluvial),
natural ou artificial, próprio para receber navios. Os Aliados, na Segunda
Grande Guerra, desembarcaram na França (1944) por meio de dois portos
artificiais. O Pôrto militar (organizado) deve estar protegido contra ataques,
oferecer bacia segura para os navios ancorados, possuir arsenal provido de
docas, oficinas mecânicas e armazéns de abastecimentos. O pôrto de comércio
terá docas e entre postos gerais, e muitas bacias. Será dotado de tôdas as
facilidades para carga e descarga de mercadorias. Alguns dos principais portos
do mundo: Roterdã (Holanda), Londres e Liverpool (Inglaterra), Antuérpia
(Bélgica), Hamburgo (Alemanha), Marselha (França), Nova Iorque, o mais
importante, São Francisco e Filadélfia (EEUU), Buenos Aires (Argentina), Xangai
(China), Santos e Guanabara (Brasil).
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NINGUÉM pode esconder: a ARENA piauiense
semelha notável saco-de-gatos. Atritos em muitos lugares do interior. As
lideranças vivem desprestigiadas pelo governador Alberto Silva, mudas,
retraídas. Um senador rompido: Fausto Castelo Branco. Um ex-governador confinado: João Clímaco de Almeida.
Outro senador, Helvídio Nunes, desprezado. Não se entendem bem o governador e o
prefeito da capital. Homero Castelo Branco atesta cobras e lagartos do
secretário Pádua Ramos. O líder do govêrno na Assembléia desmente o secretário
de Fazenda, e rebaixa-o, quando afirma que não mantém audiência com secretário,
sim com o governador. E anula a autoridade de Rupert Macieira (aliás, bom
secretário), quando derriba um colega em Piracuruca. O líder da ARENA, José
Raimundo, vai acusado pelo deputado arenista Wilson Brandão de corrupção. José
Raimundo defende-se. Amabilidades
são trocadas no parlamento piauiense:
José
Raimundo - Vossa Excelência tem cultura enlatada.
Wilson
Brandão - A cabeça de Vossa Excelência é muito grande, mas
vazia.
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Que cousas! Dessas desagregações o MDB vai
enchendo o papo. A ARENA vive em desassossego justamente porque se
menosprezaram as lideranças, os comandos reais e efetivos. Partido desagregado
é partido sem atuação. Os partidos são o elo indispensável entre o povo e a
estrutura representativa do govêrno. São os partidos que organizam o povo
heterogêneo, popularizando ideias em tôrno das quais são organizados os
programas de govêrno.
In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 6, 29 dez.
1971.
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