PRIMOROSA a edição 78
da Revista das Academias de Letras, órgão oficial da Federação das Academias de
Letras do Brasil. Entre outros, escrevem Malba Tahan, Cristino Castelo Branco,
Câmara Cascudo, Povina Cavalcante, Artur Tôrres, Félix Aires. Há, na Revista,
esta referência a Oliveira Neto: "Oliveira Neto, poeta de ÁRIAS SONOROSAS,
envia-nos ÚLTIMAS ÁRIAS, livro de cento e cinco páginas de poemas
neoparnaseanos. Os críticos locais apontam o sr. Oliveira Neto como um dos
melhores poetas piauienses. ÚLTIMAS ÁRIAS justifica plenamente o conceito
conquistado pelo autor com obras precedentes. Poeta de muito ritmo, boas
imagens e símbolos, muita musicalidade, o sr. Oliveira Neto, tanto do ponto de
vista artesanal e técnico, como pela inspiração, pode ser arrolado entre os
melhores poetas da escola a que se filia".
X X X
PUNLICAÇÃO recebida:
"Contacto", edição nº 11.
Como sempre bem redigido, assuntos variados. Inteligente orientação de G. R.
Santos.
X X X
NOTÍCIA do jornal
"O GLOBO", da Guanabara:
"A GUERRA DO FIDIÉ e VÁRIA
FORTUNA DE UM SOLDADO PORTUGUÊS, de
Abdias Neves, serão os primeiros livros que o Instituto Nacional do Livro
co-editará na Coleção Sesquicentenário da Independência. As obras foram sugeridas
pelo Govêrno do Piauí e narram episódios das lutas pela Independência no Estado
pelas tropas do Comandante José da Cunha Fidié. A Diretora do Instituto, Maria
Alice Barroso, disse que espera a contribuição de outros Estados para que a
coleção que será lançada em 1972". OBSERVAÇÕES. Êste Piauí, meu Deus,
só a cacete. Realmente "A Guerra de
Fidié" pertence a Abdias Neves. Já li o livro. Bem feito. Abundantes
notícias das lutas pela Independência no Piauí. Convém perguntar se obteve
autorização dos herdeiros de Abdias para que a obra seja editorada. Passo ao
segundo livro - "Vária Fortuna de um
Soldado Português". Um volume de requerimentos, petições que Fidié
dirigiu à monarquia portuguesa reclamando direitos. Quase nada a respeito da
história da Independência no Piauí. Ligeiras referências ao movimento em
Parnaíba e à Batalha do Jenipapo. Petições e mais petições. Só. Nenhum
interêsse histórico, cívico, cultural despertam os escritos de Fidié, em que o
sargento-mor português, depois brigadeiro, reclama contra injustiças padecidas
em Portugal. O govêrno Leônidas Melo fêz uma edição desses requerimentos, com
um prefácio de Hermínio Conde, o saudoso criador da "Tragédia Ocular de Machado de Assis". Da publicação se salva o
prefácio - ainda que com alguns pecados de sentimentalismo. Por obséquio,
eminente governador Alberto Silva: mande sustar a reedição das petições de
Fidié. E circunstância interessante: Fidié, soldado português, combatente
contra a Independência, é mais conhecido do que os comandantes das tropas
piauienses e cearenses do Jenipapo, como Chave e Alecrim, por exemplo.
X X X
CONFRATERNZAÇÃO no
IAPEP: Natal. Presidência e servidores testemunhando alegrias espirituais e
estreitando amizades.
X X X
NA LEI que criou a
Fundação de Assistência Geral aos Desportos do Piauí (Lei do Albertão) há este
artigo : "A FAGEP terá por objetivo
o desenvolvimento dos desportos em geral, através da construção, administração
e manutenção de estádios e ginásios, na capital e no interior do Estado, diretamente
ou em convênio com os municípios". OBSERVAÇÃO. A febre de estádios no
país começou faz alguns anos. Os governadores queriam popularidade. Surgiu o
Maracanã, do Rio, por necessidade: campeonato mundial de futebol de 1950.
Depois, o desejo de imortalidade dos governantes. Primeiro, parece que Aluisio
Alves, governador do Rio Grande do Norte, Prefeito de Natal, irmão de Aluísio.
E apareceu o Aluisão. Enormidade. Elefante. Trombetas. Obras iniciadas. Aluísio
deixa o governo e deixa a herança: o Aluisão inacabado. Veio o governo de
monsenhor Gurgel. E lá está o Aluisão, desafiador. O esqueleto do Aluisão. No
Piauí a lei está dizendo que a FAGEP desenvolverá o esporte com a construção de
estádios na capital e no interior do Estado. Por amor de Deus, governador
Alberto Silva, e Vossa Excelência é criatura de Deus - não construa estádios no
interior do Estado. Houve no Piauí febre dêsses estádios. Encontram-se
abandonados. Habitados de cabras e cabritos. Há um em Demerval Lobão. Um em
Barras. Há outros. Todos no mais íntegro abandono. O Albertão, na capital, será
pêso-morto nos magros cofres públicos. Quinhentos mil contos por um terreno na
Tabuleta - e a transação envolve um deputado federal. Seiscentos e quarenta mil
contos pelo projeto do dito cujo. Sessenta mil pessoas a lotação, quando a
Guanabara, com população metropolitana de sete milhões, tem o Maracanã para
cento e cinquenta mil pessoas. Teresina é habitada e duzentos e trinta mil
almas, mais ou menos. Desta importância se retirem os ruricolas, os anciãos, os
mendigos, os cegos, as criancinhas, os que antipatizam com futebol. Que fica?
São muitos e intensos e profundos os problemas do Piauí. Que delírio de
grandeza representará o Albertão? Podemos sustentar, manter tal monstruosidade?
Fica a resposta com a sensatez dos homens.
In: TITO FILHO, A.
Caderno de anotações. Jornal do Piauí,
Teresina, p. 2, 24 dez. 1971.
Nenhum comentário:
Postar um comentário