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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

CADERNO DE ANOTAÇÕES (186)

PRIMOROSA a edição 78 da Revista das Academias de Letras, órgão oficial da Federação das Academias de Letras do Brasil. Entre outros, escrevem Malba Tahan, Cristino Castelo Branco, Câmara Cascudo, Povina Cavalcante, Artur Tôrres, Félix Aires. Há, na Revista, esta referência a Oliveira Neto: "Oliveira Neto, poeta de ÁRIAS SONOROSAS, envia-nos ÚLTIMAS ÁRIAS, livro de cento e cinco páginas de poemas neoparnaseanos. Os críticos locais apontam o sr. Oliveira Neto como um dos melhores poetas piauienses. ÚLTIMAS ÁRIAS justifica plenamente o conceito conquistado pelo autor com obras precedentes. Poeta de muito ritmo, boas imagens e símbolos, muita musicalidade, o sr. Oliveira Neto, tanto do ponto de vista artesanal e técnico, como pela inspiração, pode ser arrolado entre os melhores poetas da escola a que se filia".

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PUNLICAÇÃO recebida: "Contacto", edição nº 11. Como sempre bem redigido, assuntos variados. Inteligente orientação de G. R. Santos.

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NOTÍCIA do jornal "O GLOBO", da Guanabara: "A GUERRA DO FIDIÉ e VÁRIA FORTUNA DE UM SOLDADO PORTUGUÊS, de Abdias Neves, serão os primeiros livros que o Instituto Nacional do Livro co-editará na Coleção Sesquicentenário da Independência. As obras foram sugeridas pelo Govêrno do Piauí e narram episódios das lutas pela Independência no Estado pelas tropas do Comandante José da Cunha Fidié. A Diretora do Instituto, Maria Alice Barroso, disse que espera a contribuição de outros Estados para que a coleção que será lançada em 1972". OBSERVAÇÕES. Êste Piauí, meu Deus, só a cacete. Realmente "A Guerra de Fidié" pertence a Abdias Neves. Já li o livro. Bem feito. Abundantes notícias das lutas pela Independência no Piauí. Convém perguntar se obteve autorização dos herdeiros de Abdias para que a obra seja editorada. Passo ao segundo livro - "Vária Fortuna de um Soldado Português". Um volume de requerimentos, petições que Fidié dirigiu à monarquia portuguesa reclamando direitos. Quase nada a respeito da história da Independência no Piauí. Ligeiras referências ao movimento em Parnaíba e à Batalha do Jenipapo. Petições e mais petições. Só. Nenhum interêsse histórico, cívico, cultural despertam os escritos de Fidié, em que o sargento-mor português, depois brigadeiro, reclama contra injustiças padecidas em Portugal. O govêrno Leônidas Melo fêz uma edição desses requerimentos, com um prefácio de Hermínio Conde, o saudoso criador da "Tragédia Ocular de Machado de Assis". Da publicação se salva o prefácio - ainda que com alguns pecados de sentimentalismo. Por obséquio, eminente governador Alberto Silva: mande sustar a reedição das petições de Fidié. E circunstância interessante: Fidié, soldado português, combatente contra a Independência, é mais conhecido do que os comandantes das tropas piauienses e cearenses do Jenipapo, como Chave e Alecrim, por exemplo.

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CONFRATERNZAÇÃO no IAPEP: Natal. Presidência e servidores testemunhando alegrias espirituais e estreitando amizades.

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NA LEI que criou a Fundação de Assistência Geral aos Desportos do Piauí (Lei do Albertão) há este artigo : "A FAGEP terá por objetivo o desenvolvimento dos desportos em geral, através da construção, administração e manutenção de estádios e ginásios, na capital e no interior do Estado, diretamente ou em convênio com os municípios". OBSERVAÇÃO. A febre de estádios no país começou faz alguns anos. Os governadores queriam popularidade. Surgiu o Maracanã, do Rio, por necessidade: campeonato mundial de futebol de 1950. Depois, o desejo de imortalidade dos governantes. Primeiro, parece que Aluisio Alves, governador do Rio Grande do Norte, Prefeito de Natal, irmão de Aluísio. E apareceu o Aluisão. Enormidade. Elefante. Trombetas. Obras iniciadas. Aluísio deixa o governo e deixa a herança: o Aluisão inacabado. Veio o governo de monsenhor Gurgel. E lá está o Aluisão, desafiador. O esqueleto do Aluisão. No Piauí a lei está dizendo que a FAGEP desenvolverá o esporte com a construção de estádios na capital e no interior do Estado. Por amor de Deus, governador Alberto Silva, e Vossa Excelência é criatura de Deus - não construa estádios no interior do Estado. Houve no Piauí febre dêsses estádios. Encontram-se abandonados. Habitados de cabras e cabritos. Há um em Demerval Lobão. Um em Barras. Há outros. Todos no mais íntegro abandono. O Albertão, na capital, será pêso-morto nos magros cofres públicos. Quinhentos mil contos por um terreno na Tabuleta - e a transação envolve um deputado federal. Seiscentos e quarenta mil contos pelo projeto do dito cujo. Sessenta mil pessoas a lotação, quando a Guanabara, com população metropolitana de sete milhões, tem o Maracanã para cento e cinquenta mil pessoas. Teresina é habitada e duzentos e trinta mil almas, mais ou menos. Desta importância se retirem os ruricolas, os anciãos, os mendigos, os cegos, as criancinhas, os que antipatizam com futebol. Que fica? São muitos e intensos e profundos os problemas do Piauí. Que delírio de grandeza representará o Albertão? Podemos sustentar, manter tal monstruosidade? Fica a resposta com a sensatez dos homens.       


In: TITO FILHO, A. Caderno de anotações. Jornal do Piauí, Teresina, p. 2, 24 dez. 1971.  

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