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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

CADERNO DE ANOTAÇÕES (78)

DA CORRESPONDÊNCIA - De Manoel da Silva Mendes, com data de 31.12.69:

"Professor Tito Filho. Como se sabe, ultimamente tem aparecido aqui grande quantidade de espertalhões dizendo-se donos ou representantes de importantes firmas, com o intuito de lesar os incautos.

Vou contar lhe um caso acontecido em Teresina de 1910, quando eu era ainda menino.

Apareceu nesta capital um cidadão de nome Pedro Nestor, estabelecendo-se com pequeno comércio na rua São José, próximo do rio Parnaíba. não sei por proteção de quem, foi nomeado delegado de polícia. Logo que assumiu as funções, começaram grandes roubos no comércio. À medida que aumentavam os roubos, aumentava o comércio do delegado em aprêço, tanto assim que de comerciante varejista, passou a grossista.

O dr. João Santos, que era o chefe de polícia, chamou Pedro Nestor, e determinou que êle assumisse a direção das investigações, a fim de capturar o ladrão ou ladrões, custasse o que custasse. Devido ao grande estoque de mercadorias de que dispunha, o delegado despachou um viajante para Caxias, para efetuar vendas.

O delegado de Caxias, desconfiado do baixo preço por quanto estavam sendo vendidas as mercadorias, interpelou o viajante sôbre a procedência delas, tendo como resposta que eram de propriedade de um alto comerciante de Teresina, de nome Pedro Nestor.

O delegado de Caxias comunicou-se com as autoridades daqui, manifestando a sua desconfiança e sugerindo que fôsse ouvido o comerciante Pedro Nestor. Prêso, Pedro Nestor descobriu facilmente a autoria dos roubos. Da busca dada ao seu estabelecimento, além da grande quantidade de mercadoria em exposição, foram encontrados, nos fundos do estabelecimento, vários depósitos, abarrotados com mais mercadorias, cobertos com arroz de casca.

Pedro Nestor foi pôsto em liberdade, graças a um habeas-corpus, requerido por um grande advogado provisionado, que tivemos aqui - Aristides Mendes de Carvalho. O tal assaltante desapareceu de Teresina com destino ignorado".

AS NOTAS

1) Para orientação de Luís Gonzaga dos Santos Rêgo: definir é dizer o que uma cousa é. A definição deve convir ao que se quer definir. Deve ainda ser clara e breve.

2) Muito agradecido à generosa mensagem natalina que me mandaram Lino da Fonseca, Deoclécio Dantas, Nélson Sobrera, Carlos Francisco Livino de Carvalho e servidores da CEPISA. Que Deus lhes recompensem a bondade.

3) De Coelho Neto: "O carrasco suprime o criminoso, mas a miséria mantém o crime".

4) Reunido o Conselho Estadual de Cultura. Presenças: Simplício Mendes (presidente), Felício Pinto, Fontes Ibiapina, Celso Barros Coelho, Deoclécio Dantas, José Gayoso Freitas, Luís Lopes Sobrinho, Tito Filho. Submetido a apresentação do colegiado o livro "Caminheiros da Sensibilidade" (3º volume), de J. Miguel de Matos. Pediu vista dos originais o desembargador Felício Pinto. Aprovado voto de pesar (proposta de Luís Lopes Sobrinho) pelo falecimento de Dona Nazaré Freitas. Deliberaram os conselheiros que, todos os sábados, o Conselho, através do Rádio, estudaria problemas culturais do Piauí. Marcado o calendário de janeiro, com a designação dos conselheiros para a realização de entrevistas.

5) Maria do Socorro Reis está seguindo para os Estados Unidos: bôlsa de seis meses (estudos). Orientadora do grupo de jovens piauienses na terra do Tio Sam, professora Cristina Leite.

6) Reunida ontem a Academia Piauiense de Letras: eleição da diretoria biênio 1970-1971.


A. Tito Filho, 07/01/1970, Jornal do Piauí

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