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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

CADERNO DE ANOTAÇÕES (77)

DA CORRESPONDÊNCIA - De Valério Chavez, com data de 18.1.70:

"Caro professor Tito Filho. Lendo algo a respeito de desnutrição, fiquei surpreendido com uma certa passagem, segundo a qual sessenta e seis por cento da população mundial morre de fome, anualmente. Sôbre êste assunto gostaria de ouvir do mestre do Piauí uma ligeira apreciação, dizendo, sobretudo, se esta cifra mundial é mesmo positiva ou não. Adianto-lhe mais que um festejado economista moderno, comentando o problema da desnutrição no Brasil, afirma que o maior problema da fome em todos os tempos é a seca, considerada, pelo mesmo, como queda de produção, perda de fatôres de rendimento e trabalho. Castro Barreto, por sua vez, registra a seguinte opinião também de um economista: "Nos últimos vinte anos a produção de gêneros alimentícios no Brasil ficou estacionada em tôrno de dezoito milhões de toneladas anuais. A população cresceu de dez milhões, determinando apreciável insuficiência de substâncias alimentícias e produzindo como resultado a atual carestia de gêneros em que nos debatemos”. É, portanto, muito interessante, ouvir sua opinião, indicando se possível, o índice dessa mortalidade no Brasil. Comigo tenho uma pequena impressão de que FOME é um mal do comêço do mundo, pois no Velho Testamento fala-se da fome na terra de Canaã".

Observação: Não morrem sessenta e seis por cento da população mundial, anualmente de fome. A chamada fome crônica atinge sessenta e seis por cento das populações do mundo, conforme às estatísticas da ONU. Causa da fome: pauperismo e miséria econômica. Acrescento eu: também ignorância, porque há muita gente que pode e não sabe comer. Mas a fome é responsável pelas chamadas doenças de massa, pela elevada mortalidade infantil, pela reduzida capacidade de trabalho das comunidades desnutridas. Malthus sustentou, e ainda não foi contrariado, que as populações do globo aumentam em progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos aumenta em progressão aritmética. A mortalidade pela, no Brasil, está no quadro da percentagem mundial.

AS NOTAS

1) De Miguel Nunes Ferreira, com data de 26.1.70: "Professor Tito Filho. Comunico-lhe que tôdas as noites estou em sintonia com o seu maravilhoso programa de Rádio Clube". Grato.

2) Recebi e agradeço mais um boletim informativo do Rotary Clube de Teresina/Norte.

3) De Eliseu Guimarães Rocha, em carta recente: "Prezado e eminente mestre, gosto de estar na expectativa da sua palavra. V. S. é um gigante, a lutar pelas mais duras causas de esclarecimento. Infatigável, resoluto, modesto e, acima de tudo, homem que irradia com cada palavra toque de carinho aos seus ouvintes, de incentivo à juventude, aos estudantes ávidos de saber, compreendendo e explicando minuciosamente as dúvidas e problemas de cada um".


A. Tito Filho, 07/02/1970, Jornal do Piauí

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