MISSIVA cordial. De
São Luís, com data de 16-12-71: "Professor
Tito Filho. Só hoje nos chegou ao conhecimento a apreciação de V. Exa. sôbre o
nosso modesto trabalho VOZ DA RAZÃO. Acreditamos que V. Exa., adotando as
normas dos doutos, como medida salutar de estímulo e incentivos para a conquista de êxito satisfatório no
enriquecimento da inteligência, fôra, de conseguinte favorável ao nosso
trabalho, mais por generosidade do que por merecimento. Trazemos, pois, a V.
Exa. o nosso comovido agradecimento, que também envolve os honrosos conceitos
de V. Exa. sôbre a nossa família no Piauí e, em particular, pela manifestação
de aprêço de V. Exa., quando se referira à personalidade de Cromwell Carvalho,
irmão de tanta estima e amizade. a) Fernando Barbosa de Carvalho".
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Agudo e simples. Nome: Jomard Muniz de Britto. Livro: "Do Modernismo à Bossa Nova". Obra
necessária a estudantes e mestres, a críticos, a quem queira ter interpretação
da literatura dêste país a partir de 1922 e da música popular, fonte de tantas
mensagens sociais, a partir de Noel Rosa. Diz Jomard que não fez trabalho de
historiador, nem de crítico, mas de filosofia da cultura nacional. O autor, num
dos capítulos, demonstra o problema da compreensão artística, que reclama
tratamento especial pela escola. Preparar o homem para que ele possa ler,
efetive capacidade de análise. Orientação estética. Conhecimento básico da
história e da sociologia da cultura.
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Li, neste jornal, que
"diversos auxiliares do govêrno vão
viajar para passar o natal com as suas famílias". Pensava eu que os
auxiliares do eminente governador Alberto Silva aqui residiam em companhia dos
familiares. Aliás, alguns auxiliares do govêrno estão viajando muito. Resta
saber se cada qual paga as respectivas despesas de passagem.
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TENHO lido nos
jornais e nos convites para solenidades de diplomação barbarismos como
VESTIBULANDO, ODOTOLANDO, TECNOCOLANDO, NORMALISTANDO. Isto com o apoio, a
solidariedade, a chancela das autoridades, de diretores e da própria
Universidade do Piauí. São palavras, porém, mal formadas, como FARMACOLANDO,
AGRONOMANDO.
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ÊSTE JORNAL DO PIAUÍ noticiou
que os técnicos do Projeto Piauí se encontram em Parnaíba. E disse que os
ilustrados estudiosos cogitam das "perspectivas turísticas", da
"criação de uma cooperativa na praia do Coqueiro" e do
"treinamento de famílias com vistas ao Natal". Tudo publicado neste
órgão. a gente só acredita porque o jornal merece fé. Para isto vieram mestres
de sociologia, de antropologia, de psicologia, ao Piauí? Outro dia foi o caso
de o Projeto Piauí adotar sistema de matar ratos e baratas no Parque Piauí.
Agora, turismo, criação de cooperativa (cousa batida, cansada) e treinamento de
família para os festejos natalinos. Decididamente o Piauí não abdica de
ridicularias pelo torto e pelo direito.
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TÊRÇA-FEIRA, dia 21,
saiu nesta coluna: "E Rui Barbosa FAZEM na paz do túmulo". Escrevi
JAZEU, sim JAZEU, do verbo JAZER, permanecer.
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OPORTUNA, séria, bem
argumentada a palestra do deputado Pinheiro Machado em defesa dos municípios
brasileiros. Num trecho, sustenta criteriosamente o parlamentar: "De início, não cremos que o Govêrno Federal
venha a utilizar a fórmula simplista de supressão de municípios - mais de um
milhar dêles - tidos como inviáveis. Acreditamos, ao contrário, que o expurgo
das distorções ocorridas no passado já foi feito e que, salvo exceções
flagrantes e facilmente comprováveis, a grande maioria dêsses municípios tem
condições de autogovernarem-se desde que lhes seja dada a assistência
administrativa de que carecem. E mais do que isso, dêles necessita o Brasil,
para a grande arrancada da ocupação e da integração do imenso território
nacional".
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PARA justificar o
estádio Albertão, de sessenta mil lugares, numa cidade de duzentos e trinta mil
habitantes, incluindo-se os habitantes da zona rural, os mendigos, os anciões,
os aleijados, as criancinhas, os que não suportam futebol, meu parente Murilo
Resende (parece que tivemos duas avós irmãs) afirma que Teresina, em 1980, terá
quinhentos mil habitantes. Murilo pensa que população é progresso. Quer uma
cidade MONARCA de grande, como dizem os tabaréus. Murilo deve ler o deputado
Pinheiro Machado e abolir a mania de querer mal a Teresina. Pois leia-o: "A avalanche humana rumo aos grandes centros
tem criado problemas de tal ordem que, recentemente, o prefeito de uma grande
capital brasileira, viu-se obrigado a admitir que sua cidade não tinha mais
condições de atender ao enorme crescimento oriundo das volumosas migrações
rurais, chegando a apelar que cessassem tais correntes migratórias".
Refere-se o deputado Pinheiro Machado ao prefeito de São Paulo. Eis outro
pedaço do citado parlamentar: "Há
poucos dias o eminente economista Rubens Costa, Presidente do Banco Nacional de
Habitação, em importante conferência realizada em São Paulo, alertou a nação
para a necessidade de coordenar-se o crescimento dos grandes centros urbanos,
crescimento que traz no seu bojo graves problemas econômicos e sociais".
Murilo deve meditar ainda sôbre esta sugestão do dep. Pinheiro Machado -
fartalecimento do porque no município brasileiro - para "atenuar a vertiginosa saturação dos grandes
centros, dando-lhes o hiato necessário para ordenarem o seu próprio crescimento
e evitando, tanto quanto possível, a formação intempestiva das gigantescas megalópoles,
com todo o seu cortejo de problemas correlatos". Murilo lembra-se de
que o estádio Lindolfo Monteiro não ficou lotado no dia do Cruzeiro com tostão,
embora o govêrno distribuísse ingressos gratuitos a granel. E mais esta
lembrança ao bom Murilo: o que mais se vende nesta cidade se chama PÍLULA
ANTICONCEPCIONAL. Até os nossos bons caboclos já sabem da PIULA, como êles e
nós outros piauienses.
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Escrevi nesta coluna
a respeito do acordo entre a Academia Brasileira de Letras e a Academia de
Ciências de Lisboa - acôrdo para algumas alterações nas normas ortográficas de
1943. Pois o acôrdo tornou-se lei e vigorará a partir de 16 de janeiro de 1972.
As emprêsas editôras de livros e publicações - diz "O Globo", do Rio,
têm prazo de quatro anos para cumprimento da lei. As alterações foram por mim
expostas neste canto faz alguns dias. Passarei a observar a legislação de 16 de
janeiro em diante.
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UM APÊLO ao magnífico
reitor da Universidade do Piauí: mande retirar de circulação, com urgência, o
trabalho mimeografado "Ensino e
Avaliação". Mal redigido. Adaptado de livros estrangeiros. Obrigado
pelo atendimento do pedido.
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AINDA não me foi
possível preparar as notinhas prometidas a respeito da literatura piauiense.
Paciência. O Albertão me tem dado muito trabalho. Depois de concluído vai dar
trabalho a muita gente, menos a mim.
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Ontem saiu aqui
IRMÃES, mas escrevi IRMÃS.
TITO FILHO, A.
Caderno de anotações. Jornal do Piauí,
Teresina, p. 2, 23 dez. 1971.
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