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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

CADERNO DE ANOTAÇÕES (49)

O prefeito de Parnaíba, Dr. João Silva, proferiu as seguintes palavras, na ocasião em que se criava a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais daquela cidade:

"Eu convidaria a professôra Maria Cristina e a professora Videlina, para constituirmos a comissão inicial que levantará os estudos, para que possamos realmente organizar, em Parnaíba, uma sociedade dos Excepcionais. Ao professor Cordão eu quero agradecer a oportunidade de nos ter vindo aqui nessa hora. Realmente, o Prefeito de Parnaíba tem empregado todos os esforços em levantar a comunidade, em benefício da nossa cidade, trazendo um novo sentido à administração que nos coube, à incumbência de dirigir os destinos dessa cidade. Faltando a mim condições realmente excepcionais de administrador, trouxe para a administração aquilo que eu fazia na minha vida particular, como médico, dedicado exclusivamente aos necessitados de minha cidade.

Com êsse espírito profundamente humano, é que eu levei para a minha administração essa maneira de proceder. E não tem sido outra coisa que eu tenho procurado fazer nessa cidade, senão despertar a comunidade para os problemas eminentemente e de grande necessidade que nos afligiam, nesse período. Não me tem faltado, absolutamente, o apoio da cidade. ela me tem dado o seu apoio e a sua dedicação nos problemas mais angustiantes, que nós temos procurado resolver. Êste é um problema que realmente existe em todo lugar. Infelizmente, não tínhamos ainda a idéia e não nos tinha ocorrido organizar-nos para que pudéssemos resolvê-lo. Portanto, muito oportuna, e eu agradeço, de coração, a felicidade desta reunião, da vinda do professor Cordão até nós, para que desperte em nós todos o dever que nós temos para aquêles que, como êle mesmo disse, nas suas palavras, não têm culpa nenhuma de ter vindo ao mundo como excepcionais.

Cabe a nós outros essa responsabilidade, a nós outros que tivemos a felicidade de ser normais, de não ter nascido excepcionais. De despertar êsse nosso sentimento e nos congregarmos para resolver um problema tão angustiante, que não é nosso, é do mundo inteiro. Eu creio, professor, que as suas palavras calaram profundamente no nosso espírito e que nós faremos tudo daqui para a frente, para nos associar ao seu idealismo, e não podemos prescindir da sua colaboração, do seu auxílio, da sua orientação, para que nos incentive e nos ajude realmente a criar a nossa sociedade e a fazê-la funcionar com eficiência.

Ao professor Arimathéa, que nos visita, eu acho que pela primeira vez, depois da sua investidura nas altas funções de Secretário de Educação, os nossos agradecimentos também pelas suas belas palavras de incentivo, profundamente humanas. Realmente, o que o professor diz é uma realidade. Quanta futilidade nós fazemos por aí a fora, quanto nós podemos poderemos fazer pelo nosso semelhante. Não nos custa nada, absolutamente, um pequeno prazer que nós possamos deixar, uma pequena quantia que nós podemos deixar de gastar. Mas se esta quantia fôr realmente junta para um fim determinado, ela vale muito em benefício de nosso próximo. Isso, meus amigos, eu tenho dado através da minha vida à pobreza desta cidade, realmente não tem me custado muita coisa. Eu acho que todos nós também assim podemos fazer. Se nós nos lembrarmos um pouco do nosso próximo, com um pequeno sacrifício, eu acho que muito nós podemos fazer.

Portanto, com os meus agradecimentos aos dois ilustres professores, Arimathéa e Cordão, em nome da cidade eu agradeço esta visita e a excepcionalidade do assunto, que aqui trataram, e faremos tudo para constituir a nossa sociedade e integrarmos Parnaíba dentro da vanguarda em defesa dos excepcionais".


A. Tito Filho, 11/09/1970, Jornal do Piauí

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