Ernesto Alves Filho, no "Correio Popular", de Campinas, são Paulo, edição 05 de setembro de 1970, publica a seguinte apreciação a respeito de Francelino S. Piauí:
"O nome dele é realmente Francelino de Sousa Araújo.
É o registro civil, a certidão de idade, a expressão individual em todos os documentos.
Desde, entretanto, que me encontra com êle - que saudade, Piauí, daqueles tranqüilos dias! - e, depois, pelos anos em que vimos vindo na intensidade pungente ou alvorejante da vida, por êsse conteúdo intangível de alma que realmente torna em vida a mera existência, e que nos faz, de fato, conhecer e penetrar as criaturas - nessa marcha interior que o mais precioso de nossos dias, percebi nêle a existência de duas grandezas, ambas imperativas uma da outra, e que transmutavam, no fundo, o nome dêle.
Duas grandezas, duas paixões: primeira delas, a paixão da terra distante, o torrão amável do Piauí, a ternura fermentada de muito amor pelo 'povo humilde e impassível, tão pacato e ordeiro' que aprendeu, na desesperança e na esperança, a transgredir para confiar, e a confiar em que, um dia, com bons governos e bons representantes, alcançara a sorte e o padrão correspondente ao esplendor daquela terra, cujo frêmito anímico parece germinar do próprio amor.
A outra paixão: o poder da própria personalidade - e que personalidade!
Antes de tudo, possui ela aquele fundamental na estrutura jornal e moral da personalidade: a vontade. Uma poderosa vontade para levar avante e realizar aquilo que tenha elaborado por meta, por objetivo, por terra prometida. Vontade capaz de vencer desertos e incompreensões, capaz de paciências e até de muito sacrifício, mas sempre servida de inteligência, sutil percepção das criaturas e do significado das coisas, e, então, quando crente do caminho e da vereda certa, - aquêle devotamento, aquela bondade, aquêle doce e lírico modo de querer bem, que é, talvez, a maior refulgência de nossa espiritualidade nacional.
Que notável Piauí - e estou certo de que farei a justiça de assim exclamar até o fim!
Pois bem: as duas paixões se uniram nêle, indivisíveis, hipostáticas.
O Piauí, para ser amado; a forte personalidade do homem, para dêle a mística de todos os dias, o assunto, a doutrina, o próprio compasso do coração.
E isto se fêz tão vivo, tão aprofundado o amor do homem pela terra e pelo povo, e a terra se fêz tão presente no homem, e a vibração de comum afeto se intensificou tanto, que o homem, desejando tornar a terra cada vez mais presente em si e clarim para os outros - acrescentou ao próprio nome o nome dela, como título e comenda; não serie êle, mais, nos domínios de sua ternura, somente Francelino de Sousa Araújo; seria, isto sim, Francelino S. Piauí, - terra e homem, homem e terra. E isto iria também depois, para sua organização comercial, 'Piauí'. E irá para tudo onde êle estiver e fôr. E não acabará. E será uma lenda para sempre... poema de amor de um homem por sua terra e seu povo.
Daí, então, estas obras, folhetos de poucas páginas, mas sucintas, essenciais, reportagens e observações, geografia e sociologia, e, sempre, a divulgação honesta e o equilíbrio, a obra do servidor permanente: 'PIAUÍ, TERRA DE TRANSIÇÃO', 'VIAGEM A TERRA-BERÇO', 'NAS TERRAS VERDES DO NORDESTE'. E agora, por último, em janeiro dêste ano, saiu mais um denominado 'TUDO PELA GRANDEZA DO PIAUÍ'.
Para ler, para meditar, para aprender - sobretudo porque, dentro destas páginas tôdas, vigilante e fiel no amor e na verdade, se encontra, puro e nítido, o coração escancarado de um homem".
A. Tito Filho, 01/12/1970, Jornal do Piauí
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